"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sábado, 13 de setembro de 2008

Centro Celso Furtado

Quando soube do lançamento do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento pensei que seria apenas mais uma organização fictícia e de caráter laudatório, apenas uma organização de amigos que usaria o nome de um grande economista para divulgar as suas idéias. Eu estava equivocado. De fato, o Centro Celso Furtado pretende desempenhar um papel sério e honesto na discussão do desenvolvimento e do desenvolvimento brasileiro em particular. As duas últimas iniciativas que tomei conhecimento são primorosas. A primeira, os Arquivos Celso Furtado, que vai trazer artigos do Celso Furtado que estão dispersos. O primeiro volume traz artigos sobre a Venezuela, intitulou-se "Ensaios sobre a Venezuela: subdesenvolvimento com abundância de divisas". Nada mais oportuno por ser a Venezuela, e porque em se comprovando o Brasil como exportador de petróleo teremos que lidar com a abundância de divisas rompendo com o nosso problema secular em transações correntes.

A segundo iniciativa é ainda mais importante. É a coleção Memórias do Desenvolvimento que está disponível para download. Faz uma recuperação de textos e documentos sobre o desenvolvimento econômico. O primeiro volume traz um texto de Ragnar Nurske, "Problemas da Formação de Capitais em Países Subdesenvolvidos" com um artigo de Furtado sobre o livro de Nurske e a resposta do autor. Para muitos pode parecer um debate ultrapassado, mas de fato permite compreender a época além de suscitar questões sobre o presente. Também é significativo porque mostra como a questão do desenvolvimento fazia parte da agenda mundial, e não era um debate sobre nós, ou seja, dos economistas dos países ricos dissertando sobre o que deveríamos fazer como ocorre hoje, mas era uma debate no qual nós, brasileiros ou latino-americanos, participávamos. Seria interessante que iniciativas como essa se dividissem.

A informação sobre o lançamento do segundo volume das memórias do desenvolvimento chegou ontem ao meu e-mail, li após ter dado aula e coincidentemente o material do segundo volume era sobre os assuntos da aula que havia acabado de ministrar. Traz o relatório da Comissão Mista Brasil-EUA, um artigo sobre a participação do BNDE na industrialização brasileira, e a legislação do Fundo de Reaparelhamento Econômico. Pelo jeito terei que repetir a aula.

No Brasil se publica tanta besteira que iniciativas como estas ficam perdidas, chegam ao conhecimento apenas de grupos isolados não ganhando a repercussão e a discussão que mereceriam.

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