"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sábado, 27 de outubro de 2007

A morte não choca mais?

Perdemos o medo da morte, e nós tornamos menos humanos. È impressionante como cada indivíduo está burocratizando a sua visão de mundo. Apenas contabilizamos as mortes, e por maior que seja o número de mortos ninguém se contrai com a informação, ninguém se sente mal pela morte em larga escala. São apenas números de uma contabilidade com a qual já nos acostumamos, certamente assim ficou mais fácil governar, mas o mundo se torna mais triste e menos idealistas. Numa sala mencionei as mortes dos russos na Segunda Guerra e pela perseguição estalinista, mas o que chocou os alunos não foi isso, foi a possibilidade do indivíduo ser preso e punido por faltar ao trabalho. O horror ao trabalho é maior que o horror à morte de estranhos que se resume em números. Típica mentalidade de burocratas, típica exacerbação do individualismo. A morte do ideal revolucionário matou o sentimento de sacrifício pela dor do outro. Quem luta pela revolução em primeiro lugar precisa se identificar com a dor do outro, com a dor dos deserdados da terra com a dor de todos, não com o número dos desardados, mas com o sofrimento e sentir a dor pela dor daqueles com os quais nunca se encontrará. É preciso acreditar que o seu próprio sacríficio pode reduzir o sofrimento alheio. É preciso acreditar que a opressão, a exploração não fazem parte da vida, mas são colocadas lá e que portanto podem ser retiradas, e mais que a redução da infelicidade humana só pode ocorrer através de um ato coletivo, apenas libertando os outros, os estranhos é que se garante a própria liberdade. É preciso idealizar o mundo, idealizar o outro, idealizar a si mesmo. Ou seja, é preciso ser humanos e não burocratas. Infelizmente isto parece não existir mais neste mundo pautado pelo individualismo, pelo consumismo, pela mercantilização, pelo esvaziamento da vida, das emoções, da sensação. Quando se acredita que viver é uma festa se perde toda a identidade com o sofrimento alheio. E aí a morte encontra o seu alimento, e cresce.

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