"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sábado, 23 de abril de 2011

Táxi em Caracas e idiossincrasias venezuelanas

Como se pode ver na reportagem do jornal Últimas Notícias, táxi em Caracas é uma confusão. Na prática, qualquer um pode ser taxista, é só colocar o adesivo de táxi. Claro que é possível diferenciar os táxis oficiais dos informais. Mas são tantos os informais, que se você for esperar para conseguir um oficial na rua, pode ficar uma meia hora esperando, enquanto passam dezenas de táxis informais. Agora, nem os oficiais nem os informais tem taxímetro. Teoricamente existe uma tabela em algumas empresas. Mas ninguém cumpre. Tem consórcio de taxistas que obrigam os taxistas a deixar a tabela visível e ainda assim o taxista te dá preços diferentes da tabela. Não tem como discutir, porque o custo deles é muito baixo, então deixar de fazer uma ou outra corrida afeta pouco ou nada. Ok, você aceita o preço combinado, por exemplo, 40 bolívares, e só tem uma nota de 50 bolívares, qual a chance do taxista de dar o troco? Baixíssima, quase nenhuma, exceto se você tiver muita sorte. Esses dias eu  tive uma sorte inacreditável, graças ao fato de ser brasileiro e o taxista ter assistido o filme Rio. Ele não só me deu o troco, como deu um desconto em relação ao preço combinado e mais dois tíquetes que davam desconto no cinema. Isso porque ele tinha ido assistir a pré-estréia do filme em Caracas, estava entusiasmadíssimo e ainda gostava de futebol. Falou de um jogador brasileiro que jogou aqui na Venezuela que ele não sabia como não tinha sido convocado nunca para a seleção brasileira!

Outra idiossincrasia da Venezuela. Escrevi 40 bolívares, 50 bolívares. Há alguns anos, fizeram o que fizemos várias vezes no Brasil, cortaram três zeros na moeda. Então mil  bolívares passou a ser 1 bolívar forte. Só que o preço das coisas é estipulado ainda como se houvesse duas moedas, então tem um preço em bolívares e outro em bolívares fortes. No caixa, aparece dois valores para a sua conta. Aí quando o funcionário fala o valor, ele fala em bolívares fortes. Mas se ele vai perguntar se você tem trocado, em geral, ele fala o valor da moeda em bolívares, então pergunta se você tem 3mil bolívares, ou seja, 3 bolívares fortes.

Estou morando do lado de um  shopping, de tamanho médio, mas com algumas lojas voltadas para gente de alta renda. Os horários do shopping são inacreditáveis. Domingo abre meio-dia e fecha às 20 horas, inclusive a praça de alimentação. Não há sessões no cinema que começam depois desse horário. Durante a semana, fecha às 21 horas. Mas não pense que se chegar às 20:45 encontrará todas as lojas abertas. Várias já estarão fechadas. Na Praça de Alimentação, em várias lanchonetes só venderão o que já está pronto, não farão mais nada, por exemplo, no KFC.

No dia 13 de abril comemorou-se a derrota do golpe contra o Chávez em 2002. Apesar de não ser feriado, na prática foi. As pessoas vão para a manifestação. Nos órgãos oficiais, os funcionários estão liberados para a marcha. Dia 19 de abril é uma das datas de comemoração da independência da Venezuela. A grande data mesmo é 5 de julho, quando será a festa do bicentenário. De todo modo, 19 de abril é feriado. Aqui, a quinta-feira santa ainda é feriado. Então, numa semana de cinco dias, três seriam feriados, sendo que na quarta-feira anterior havia um feriado informal. Então Caracas está meio parada desde quarta-feira passada. Mas o mais inacreditável, é que tudo realmente para nos feriados da semana santa. Há shoppings que fecham, ontem o supermercado estava fechado, e nas lojas de rua não há nada aberto, somente algumas panificadoras e farmácias, mas é preciso andar para encontrar. Até um bar e “arepera” aqui perto de casa que funciona 24 horas, fechou. Obviamente, aqui há uma participação maior nas atividades religiosas da Semana Santa maior do que a que se vê no Brasil nas grandes cidades. Mas de fato Caracas esvazia por causa do pessoal que viaja no feriado bem prolongado, chamam o período de férias mesmo. O esvaziamento de Caracas na semana santa é muito maior do que o de São Paulo em qualquer final de semana prolongado.

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