"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sábado, 23 de abril de 2011

Islândia rebelde! E apontando caminhos?

São Paulo, sábado, 23 de abril de 2011

Rebelde, Islândia dá calote e ganha fãs
País decide não compensar investidores britânicos e holandeses que perderam dinheiro após a crise de 2008
Pequena ilha do norte europeu adota caminho diverso do traçado por outras nações em crise, como Portugal e Grécia
RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO
A fria e comportada Islândia virou agora exemplo de rebeldia na Europa.
O país, que quebrou com a crise de 2008, resolveu lidar com as dificuldades econômicas de uma maneira bastante diferente de Portugal, Grécia ou Irlanda.
Em vez de pedir ajuda para rolar sua dívida e aceitar pacotes de austeridade impostos pelos credores, simplesmente optou, no último dia 9, por um calote bilionário.
Conquistou, assim, a simpatia de políticos europeus que acreditam que os cortes de gastos impostos aos países em apuros só vão piorar as taxas já elevadas de desemprego e comprometer os serviços públicos.
A socióloga portuguesa e deputada do Parlamento Europeu Marisa Matias, por exemplo, disse que "[querem] que famílias paguem por erros de bancos. Os islandeses não entendem assim".
Essa também é a opinião da sua colega eurodeputada Eva Joly (França). "Ninguém debateu se os pagadores de impostos devem resgatar instituições financeiras", escreveu no britânico "Guardian". "Espero que o espírito de luta dos islandeses se espalhe."
Esse "espírito" foi manifestado em um referendo no começo do mês, quando 60% dos islandeses votaram "não" ao pagamento de US$ 5,3 bilhões (R$ 8,3 bilhões) a Holanda e Reino Unido.
Foi o valor perdido por investidores dos dois países que aplicaram no fundo "Icesave", gerido pelo banco privado islandês Landsbanki.
Os executivos da instituição colocaram o dinheiro dos seus clientes em fundos que se revelaram, durante a crise de 2008, podres.
Os governos do Reino Unido e da Holanda acharam por bem restituir as quantias perdidas aos seus cidadãos e mandaram a conta aos islandeses. Como o país tem apenas 320 mil habitantes, a "dolorosa" ficaria em mais de R$ 25 mil por cabeça.
EXEMPLO ARGENTINO
Os dois países credores vão tentar fazer a Islândia pagar com processos em tribunais europeus.
É difícil prever exatamente quais serão as consequências do calote para a economia islandesa, mas é provável que o país passe a ter grande dificuldade para conseguir crédito.
Além disso, sua entrada na União Europeia deve ser atravancada em represália, limitando acesso a mercados.
A Folha conversou com o conselheiro econômico do governo da Islândia Michael Hudson, professor da Universidade do Missouri (EUA).
Ele duvida que o calote trará consequências graves para a Islândia. Cita a Argentina, que em 2002 deu um calote na sua dívida externa e conseguiu reestruturá-la.
Para Hudson, os problemas que a Argentina enfrenta não têm a ver com a decisão de não pagar credores.
"O país conseguiu apenas não ser roubado pelos credores estrangeiros, mas manteve seus próprios latifundiários, banqueiros e donos de monopólios", disse.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2304201105.htm

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