As oportunidades da crise para a economia brasileira em 2009
Escrito por Corival Alves do Carmo
05-Jan-2009
No final de 2008 a principal questão econômica tratada pela imprensa brasileira é o efeito da crise mundial sobre o Brasil. Para o Brasil esta é uma velha questão sempre renovada. Estamos sempre nos perguntando sobre o efeito da crise internacional sobre o Brasil. Entretanto, ao contrário do que aparece na imprensa, as crises internacionais para o Brasil também aparecem como um momento de oportunidade, como solução, como aumento da autonomia.
Ainda que não se defenda uma posição especificamente anti-sistêmica segundo a qual o Brasil apenas cresce contra a tendência do sistema internacional é fato que os efeitos da crise internacional sobre o Brasil dependem mais do momento econômico interno e da forma como a crise é aproveitada do que propriamente de uma relação direta entre uma crise nos centros do capitalismo e sua propagação no Brasil.O exemplo óbvio seria a sempre lembrada crise de 1929. Mas não é preciso ir tão longe. A retomada dos fluxos de capitais para o Brasil e demais países da América Latina na década de 90 resultou muito mais da recessão nos países centrais do que do programa de reformas implantados na região. No Brasil a situação é claríssima, o fluxo de capitais foi retomado antes mesmo da estabilização decorrente do Plano Real. O excesso de capitais no sistema financeiro internacional, a escassez de oportunidades de investimentos nos países centrais, a recessão generalizada fazem com que os capitais se direcionem para a periferia em busca de rentáveis oportunidades de lucro que permitiram o crescimento das reservas internacionais do país que viabilizaram o Plano Real e a valorização do Real logo após a implantação do plano.Evidentemente a crise em curso é mais grave e mais profunda, mas seus efeitos sobre a economia brasileira ainda são uma questão em aberto, especialmente no longo prazo. O resultado dependerá das políticas do governo brasileiro. Por quê? Porque a dinâmica da economia brasileira decorre de fatores fundamentalmente endógenos.Quando se diz que o Brasil é dependente se pensa imediatamente que isso significa que somos apenas uma sociedade e economia reflexa. Mesmo os economistas ortodoxos tendem a sobre-enfatizar nestes momentos a determinação externa. Entretanto, o mercado interno e as decisões internas são muito mais importantes para determinar a taxa de crescimento da economia brasileira do que o setor externo.
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