Você vê um sinal aberto para os pedestres, o que você imagina? Que o pedestre pode atravessar tranquilo que não virá carros. Aqui não. Aqui significa no máximo que o semáforo está fechado para os carros que estão vindo da direção principal. Mas os carros continuam podendo virar ali mesmo com o sinal aberto para os pedestres. E aí do carro que parar para deixar os pedestres atravessarem, vai ouvir incontáveis buzinas.
Outra coisa típica de Caracas. As buzinas existem para serem utilizadas, permanentemente utilizadas, buzina-se, buzina-se e buzina-se. Às seis da manhã já se ouve as buzinas, porque buzina-se porque o carro da frente parou no sinal vermelho. Buzina-se porque o sinal vai abrir e carro da frente não começou a andar, porque o carro da frente demorou meio segundo a começar a andar. Buzina-se para avisar que não vai parar no vermelho. Buzina-se no engarrafamento para que as dezenas ou centenas de carros que estão parados saiam do lugar. Enfim, buzina-se o tempo todo, é como se todos os motoristas se tornassem motoboys em São Paulo. E mais incrível querendo circular entre os outros carros, sobre os outros carros como se estivessem em motos. Sim, aqui há motos, muitas motos. Mas perto dos motoboys de São Paulo, o pessoal aqui é comportado. Só que não usam capacete, pelo menos não capacete de moto. Usam capacete de bicicleta, de obras, qualquer coisa. E a “fiscalização” aceita. Esse é um ponto que os motoristas das grandes cidades brasileiras ficariam encantados. Não há IPVA, não há controle de propriedade do carro, a chance do seu carro ser multado é baixíssima. O maior risco é ser guinchado por estacionamento irregular, mas ainda assim é muito pequeno. Agora se você for multado, o que acontece? Vão colocar um adesivo no seu carro, no vidro bem na frente da posição do motorista. Um adesivo difícil de ser retirado, muita gente continua dirigindo meio inclinado para ver o que está frente.
O adesivo também é pregado nas lojas que não pagam os impostos. Você chega na loja e tem um adesivo enorme dizendo que está em débito com a seguridade social dos venezuelanos. Outras vezes tem um adesivo fechando a loja e informando o prazo pelo qual ficará fechada por não pagar os impostos.
Horário de funcionamento de loja aqui é uma desgraça. Durante a semana sai da PDVSA por volta das 18:40hs e fui para um centro comercial, um dos maiores daqui, o CCCT. Chego lá qual a minha surpresa quase tudo já fechado. Nesse sábado, 30/04, sai da PDVSA às 16hs, pensei, agora vou lá ver alguma coisa para comprar e levar para o Brasil. Havia algumas poucas lojas pequenas fechadas, mas a maioria estava aberta. Ok, aí estou numa livraria olhando os livros, aí às 19hs, uma funcionária me avisa que a livraria vai fechar. E não é um aviso como na Cultura em São Paulo, que dentro de 10 minutos fechará, etc. A criatura me fala e apaga as luzes! Ainda deixaram eu pagar, mas obviamente o funcionário do caixa, reclamou, vai passar no caixa essa quantidade de livro já na hora de fechar? Aí saindo da livraria, duas coisas típicas, primeiro que a maioria esmagadora das lojas continuavam funcionando, e outra o aviso na porta da livraria sobre o horário de abertura, “De segunda a sábado em geral abrimos às 10 am”.
Quinta-feira, iria de carona com uma funcionária da PDVSA para a Universidad Bolivariana da Venezuela. aí fomos ao estacionamento no qual ela deixou o carro. Inacreditável! Primeiro os funcionários não queriam pegar o carro dela, porque teriam que deslocar 12 carros. Depois foram fazer o serviço, mas falaram para ela não estacionar mais lá, que não tinha cabimento querer tirar o carro tendo que mexer em tantos carros. E aí quando saímos, ela indignada me falando sobre o quanto pagava caro o estacionamento para acontecer aquilo e que aquele era o trabalho deles, etc. Agora quanto ela tinha pago de estacionamento? Aqui, estacionamento é tabelado, é um bolívar forte por hora. No câmbio paralelo, um bolívar forte é 20 centavos de reais, então ele tinha pagado pelo estacionamento naquele dia 1 real e 20 centavos! O povo aqui fica escandalizado quando se conta o quanto se paga de estacionamento numa cidade como São Paulo.
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