São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011
Candidatos à eleição no Peru tentam vincular imagem a Lula
Keiko Fujimori e Ollanta Humala disputarão o segundo turno
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
Os dois candidatos da eleição presidencial do Peru estão competindo para convencer o eleitorado de quem é "mais Lula". A candidata de direita Keiko Fujimori, que disputará o segundo turno em 5 de junho com o esquerdista Ollanta Humala, afirma que quer fazer um governo "como o de Luiz Inácio Lula da Silva".
"Gosto muito do que Lula fez em política social, que resultou em números extraordinários na luta contra a pobreza", disse Keiko em entrevistas recentes.
À Agência France Presse, ela elogiou a política de segurança do ex-presidente colombiano Alvaro Uribe e depois afirmou que "se há um estilo de governo a ser seguido, é o do Brasil, o gigante sul-americano".
"Todo o mundo no Peru virou seguidor de Lula", disse Paola Ugaz, editora do site político peruano Lamula.
APOIO
Petistas que acompanham a eleição no Peru disseram que Lula é simpatizante de Humala e condenaram o uso de seu nome por Keiko.
"É oportunismo, uma piada", disse Valter Pomar, do diretório nacional do PT. "Ela é neoliberal, não tem nada a ver conosco", disse.
A secretária de Relações Internacionais do PT, Iole Ilíada, acusou Keiko de tentar "confundir o eleitorado" com os elogios a Lula.
Keiko, filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), que cumpre prisão por corrupção, tem um programa de governo baseado no livre mercado e no assistencialismo.
Mas ela passou a adotar pontos da plataforma de esquerda de seu rival, como impostos sobre os ganhos das mineradoras e ampliação de programas sociais.
Já Humala contratou como assessores os petistas Valdemir Garreta e Luís Favre, que o ajudaram a formular uma "Carta ao Povo Peruano", nos moldes da carta que Lula divulgou na eleição de 2002.
Segundo uma fonte próxima a Lula, o publicitário João Santana, que coordenou a campanha de Dilma Rousseff, foi ao Peru neste ano para aconselhar Humala. Desde o início da campanha, Humala tentou se mostrar como um "novo Lula", um esquerdista que migrou para o centro.
Ele teve maior votação no primeiro turno da eleição (31,6% contra 23,5% de Keiko). Uma pesquisa do Ipsos/ Apoyo, de 4 de maio, mostra Humala com 39% das intenções de voto, um ponto à frente de Keiko (38%).
Colaborou NATUZA NERY , de Brasília
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