Ontem viajamos da cidade de El Tigre no estado de Anzoátegui para Puerto Ordaz no estado Bolívar, passamos pela segunda ponte do Orinoco construída pela Odebrecht, é uma ponte de 4km. Uma grande obra de engenharia, e a vista do Orinoco é linda.
Puerto Ordaz é uma cidade que foi planejada por urbanistas da Universidade de Harvard, a cidade é uma bagunça. Tentaram fazer uma cidade americana, com um centro e o subúrbio, com grandes vias, e o resultado foi a especulação, a necessidade de carro para circulação, vários espaços de mato, abandonados. Puerto Ordaz não é a capital do estado Bolívar, mas é a maior cidade do Estado e onde estão algumas das grandes empresas da Venezuela, entre elas, a Sidor, siderúrgica nacionalizada por Chávez.
Visitamos hoje uma empresa de taladros, produto de um acordo entre a China e a Venezuela. Atualmente, a empresa faz apenas a montagem e a certificação dos taladros na Venezuela, mas com o desenvolvimento das metas do Plano Siembra Petrolera, a Venezuela deve produzir mais de 80% do taladro a partir de 2014. Na quinta-feira nós havíamos visitado o taladro da Petrocedeño em San Diego de Cabrutica. O taladro é perfurador de poços para a extração de petróleo, tem uns 50 metros de altura, pesa várias toneladas. Para a economia venezuelana internalizar a produção de taladros seria um avanço uma vez que nos próximos anos pretende perfurar mais de 10 mil poços.
Fomos também à Ciudad Bolívar, capital do estado Bolívar, aí fizemos um pouco de turismo. Visitamos o local no qual foi realizado o Congresso de Angostura, marco no processo de indepedência da Venezuela e da América espanhola. A praça onde foi assassinado Manuel Apiar, um dos líderes do processo de indepedência. Vimos as casas do período colonial. Também vimos a primeira ponte do Orinoco e a primeira ponte levadiça da América Latina.
De um lado do Orinoco está ciudad Bolívar, do outro está la Soledad no estado Anzoátegui. Ciudad Bolívar tem por volta de 200 mil habitantes e La Soledad tem por volta de 20 mil. São duas cidades muito pobres, com pouco atividade econômica. As pessoas trabalham em Puerto Ordaz.
Esta é outra característica da Venezuela, as pessoas não moram perto de onde trabalham, e não é por impossibilidade, é por escolha, por ser muito barato o transporte. Tem um funcionário graduado da PDVSA que trabalha há três horas do local de trabalho dele, vai e volta todo dia. Nas nossas viagens pelo interior da Venezuela tivemos uma experiência similar a dos trabalhadores porque nos hospedamos sempre duas horas pelo menos do local que iríamos visitar. Visitamos, por exemplo, o complexo petroquímico José Antonio Anzoátegui e nos hospedamos em Puerto La Cruz, cidade contígua com Barcelona, capital do estado de Anzoátegui. Mas o complexo José Antonio Anzoátegui não fica em nenhuma das duas, fica a duas horas. Quem mora no povoado próximo ao complexo são os pobres, os miseráveis que não tem condições de trabalhar no local. Os funcionários do complexo moram em Puerto La Cruz. Como no estado Bolívar, em Anzoátegui, a capital, Barcelona, é uma cidade marcada pela pobreza ao contrário de Puerto La Cruz.
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