"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Cinismo e imobilismo!

Há um conjunto de datas cínicas ao longo do ano. A comemoração da passagem de ano é a maior delas, pois só faz sentido na medida em que ignoramos completamente a realidade, apenas mergulhando na ilusão podemos acreditar que a passagem de um ano para outro possa significar uma mudança. É uma atitude tipicamente idealista e passiva, o que muda o mundo é a ação, é a ação criativa dos movimentos sociais, dos grupos políticos e dos indivíduos. As boas intenções apenas renovam e reforçam os marcos do status quo porque faz com que a mudança seja algo independente da vontade e da ação para ser uma dádiva. Esperar por dádivas de Deus, de governos, de um novo ano, da vida ou de qualquer outra coisa é apenas um outro modo de desejar que tudo permaneça como está. Deseja mudar o mundo? Deseja mudar a sua vida? Não sonhe, aja, gere conflitos, mostre ao mundo a sua insatisfação com a realidade e inicie a construção de uma nova realidade, aja para tornar a realidade existente impossível, e o surgimento de uma nova realidade uma necessidade histórica. Os brindes de Ano Novo não passam de uma celebração do velho e uma afirmação da impotência diante da inexorabilidade do real. Diante da opressão do real, a fictícia esperança do novo ano. Apenas mais uma catarse social, apenas uma variante do pão e do circo com uma diferença, hoje os governos não precisam ofertar pão e circo para aplacar a ira do povo, o povo sustenta o pão e o circo. Dois milhões de pessoas saem às ruas nas duas maiores cidades brasileiras para verem fogos de artifício e desejar que o novo ano seja melhor. Vocês têm noção do ridículo da situação? Se estas pessoas saíssem às ruas para fazer com que o novo ano fosse diferente, ele seria diferente. Imaginem dois milhões de pessoas na avenida Paulista e dois milhões de pessoas na praia de Copacabana exigindo mudanças políticas e econômicas no Brasil, protestando contra a corrupção, etc. o Brasil não mudaria? O Brasil não amanheceria diferente? Que governo seria capaz de resistir? Mas na sociedade que tem aversão ao conflito e todos os cidadãos se consideram irresponsáveis pelo destino do país (e mesmo do seu próprio) resta apenas a esperança do novo ano, e assim em 1823, 1840, 1850, 1889, 1900, 1930, 1960, 1964, 1985, 1989, 1990, 2002, 2007, 2008, sempre com ânimo renovado vivenciamos mais do mesmo, e continuamos sempre prontos para culpar os outros pelos nossos fracassos.

Um comentário:

Anônimo disse...

2 milhoes de pessoas protestando...realmente as coisas mudariam. Otimo texto