"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 20 de janeiro de 2008

O mundo sempre trágico continua engraçado, mulçumana defende a tolerância

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Muçulmana defende Papa diante da intolerância

Após o veto a Bento XVI na Universidade

Por Nieves San Martín

ROMA, sexta-feira, 18 de janeiro de 2008 (ZENIT.org).- Continua na Itália a polêmica pelo adiamento da visita de Bento XVI à universidade «La Sapienza» de Roma. Entre as vozes que defendem a liberdade de expressão nos ateneus, destaca-se a de uma muçulmana.

Souad Sbai, que vive há 26 anos na Itália, é membro da Consulta Islâmica do Ministério do Interior, presidente de uma associação de mulheres muçulmanas e trabalha no jornal «Al Maghribya», único órgão de imprensa árabe na Itália.

A Sra. Sbai assina com data de hoje um artigo no jornal católico «Avvenire», com o título: «Essa intolerância eu conheço bem. Palavra de uma islâmica reformista».

Ela indica em seu artigo que, quando a notícia chegou à sede do Centro Cultural Averroes de Roma, na qual se encontrava nesse momento, «tudo parou». Na sede do centro, as amigas e colaboradoras passavam, «incrédulas, de mão e mão aqueles primeiras notícias de agência».

Souad Sbai relata que não lhes parecia possível que «este Papa se tivesse visto obrigado a renunciar à sua intervenção na maior universidade italiana».

«Um homem – acrescenta – que para nossas mulheres de cultura muçulmana é sobretudo o homem da paz e do diálogo, uma figura clemente e generosa que procura o encontro com os diferentes, socorrer os indefesos e oprimidos, defender em qualquer parte do mundo os direitos da pessoa.»

Para Sbai, o mais incrível é que o veto provenha justamente de «uma daquelas universidades do Ocidente às quais nós, mulheres árabes – que nos inspiramos em um pensador como Averroes – contemplamos como uma terra prometida da livre confrontação de conhecimentos e de saberes. Um lugar de esperança e não de intolerância para nós que sabemos bem aonde conduz a intolerância».

Também para as mulheres que ela representa, diz, esse dia foi «uma jornada de tristeza e de vergonha porque se celebrou a afirmação de uma ideologia facciosa e arrogante, de um laicismo oportunista que quer ter as mãos livres na construção de uma sociedade italiana à sua imagem e semelhança».

Uma sociedade, acrescenta a jornalista marroquina, «privada de valores, de conteúdos, de espiritualidade e de impulsos ideais».

A ideologia que impede Bento XVI de tomar a palavra em um ateneu de sua cidade, afirma Souad Sbai, «é a mesma que convida alguns extremistas islâmicos e expoentes da esquerda mais extrema a falar nas universidades».

«Unidos, não por acaso – acrescenta –, pela mesma repulsa das grandes verdades da história e a mesma rejeição do pensamento humanístico, assim como do apaixonante debate sobre a relação entre fé e razão que justamente Bento XVI situou no centro do diálogo entre o Islã e o Ocidente.»

Com esta postura, segundo Sbai, ao invés de aceitar o repetido convite do Papa a «ampliar a razão», «restringe-se irracionalmente o horizonte do conhecimento e do debate, em detrimento dos estudantes que estão formando sua bagagem humana e intelectual, e do patrimônio cultural de todo o ateneu».

A jornalista marroquina adverte que «as provas gerais da deriva despótica e não-liberal de um país, ensina-nos a historia, são feitas com freqüência nas salas das universidades».

A esta situação, em um país democrático como a Itália, contrapõe-se o exemplo de alguns países árabes «que tomaram a via das reformas liberais e onde o extremismo islâmico é um perigo bem presente».

Nestes países, assegura, «ninguém pode permitir-se fechar a porta a um convidado a uma universidade».

«Se acontecesse – acrescenta –, os primeiros em rebelar-se teriam sido seus estudantes e seus professores. Todos, sem excluir nenhum, independentemente de seu credo político, religioso ou cultural.»

«Se na Itália não é assim – conclui a presidenta das mulheres muçulmanas –, quer dizer que ao que assistimos não é só o dia da tristeza e da vergonha. É o amanhecer da derrota da civilidade de todo um país.»

Souad Sbai foi recebida por Bento XVI em 2006.

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