"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Onde está Deus?

Este semestre na disciplina de Tópicos Avançados em Relações Internacionais, que aborda a questão do Desenvolvimento e da América Latna, resolvi começar de forma insólita. Pedi para os alunos lerem o primeiro capítulo do livro de Jon Sobrino "Onde está Deus?". Para quem não conhece Jon Sobrino é um padre jesuíta de El Salvador que milita na Teologia da Libertação. O livro em princípio é sobre o terremoto que abateu El Salvador no início de 2001 e como sempre as maiores vítimas foram os mais pobres. A questão sobre onde estava Deus é um ponto de partida para analisar a situação social de El Salvador e do povo. Mas ao mesmo tempo, a questão é verdadeiramente posta, onde está Deus diante das tragédias que se abatem sobre o ser o humano. E a resposta foi a mesma dada a pergunta onde estava Deus em Auschwitz? Em Auschwitz, em Dachau, etc. Ou seja Deus está onde estão aqueles que sofrem. Em cada tragédia social que se abate sobre a humanidade, Deus está ao lado dos sofredores e dos oprimidos segundo o autor, e Deus nos convida nestes momentos à conversão. Não uma conversão abstrata e metafísica, mas uma conversão ao outro, voltar-nos ao outro, voltar-nos para os problemas do outro como sendo um problema de toda a humanidade e, portanto, um problema particular também nosso, voltar-nos ao outro com a solidariedade de quem se coloca no lugar do outro e não com a pena ou a piedade de quem olha de cima os inferiores e incapazes. E o texto parece ter surtido o efeito que eu deseja que era colocar em questão o realismo teórico que eu mesmo professo em sala de aula, mas que não serve de base para o mundo. Uma aluna me fez uma pergunta a respeitocolocando um questionamento sobre a forma como ela vê que o mundo é e como ela acha que o mundo deveria ser. Deixando de lado a questão que nomralmente quando pensamos o modo como o mundo deveria ser estamos pensando na verdade o modo como o outro deveria ser e não o modo como nós mesmos deveríamos ser, respondi o que aprendi no primeiro semestre da faculdade com o E. H. Carr em Vinte Anos de Crise, só se pode ser realista, mas não se pode ser apenas realista. Ser realista é reconhecer como mundo de fato é, olhar o mundo (e vc mesmo) sem ilusões, reconhecendo todos os defeitos e limitações, todas as chagas, a exclusão, a violência, a doença,a miséria, as pessoas que nós  colocamos para viver nas ruas, a guerra, o arbítrio. Agora diante disto qual a reação? O apenas realista dirá que o mundo só pode ser isso, que nada pode ser mudado e cavará um poço ainda mais profundo. A posição de Carr é outra, este realismo é estéril, o realismo frutífero é o que vê a realidade tal qual ela é, porque só se pode resolver os problemas a partir desta constatação, transformar o mundo a partir do que ele é, não construir um mundo ideal a partir das idéias desenvolvidas na nossa cabeça, mas mudar o mundo mundando as ações que constróem e reconstróem o mundo no dia-a-dia, é na prática que se muda o mundo (e a si mesmo) e não pensando como o mundo deveria ser. Ou seja, é na nossa reação aos problemas do outro qu escolhemos o nosso realismo, se estamos no grupo que ajuda a cavar um poço cada vez mais fundo, ou se somos construtores de laços de solidariedade social. Para voltar a Jon Sobrino, a questão é se optamos por estar do mesmo lado de Deus ou pelo outro lado.

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