"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O Banco do Sul

Caracas / Economia - Já o temos. E mais robusto que o esperado pelas más línguas de plantão. O Banco do Sul deixou de ser uma fantasia ideal, mesmo sendo derivado de uma idéia do deus-nos-livre predileto dos meios de comunicação alemães, o presidente venezuelano Hugo Chávez e do presidente argentino Néstor Kirchner. Sete países latino-americanos participam de entrada: Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Em mediados de outubro, a Colômbia solicitou formalmente sua admissão. O Chile mantém uma posição como observador e está negociando com outros países do subcontinente. Todos os estados da União das Nações do Sul (UNASUR) estão convidados a colaborar com o projeto.
Em novembro, o novo banco para o desenvolvimento –com sede principal em Caracas– começou a trabalhar com um capital fundacional provisório de 7,7 bilhões de dólares. A partir do início de 2008 teria que conceder os primeiros créditos, entre outros para o Gasoduto do Sul, que conectará a Venezuela com a Terra do Fogo.
Já existe na América Latina uma alternativa ao FMI e ao Banco Mundial; os países pobres latino-americanos e caribenhos terão agora onde eleger, ganhando ademais uma margem de autonomia frente aos senhores dos mercados financeiros internacionais. O novo Banco do Sul pretende manter suas distâncias com os mercados financeiros internacionais e não se endividar com eles, mas sim sair adiante com os depósitos dos países membros e com –revolucionária novidade– os ingressos de uma taxa Tobin introduzida em escala regional na economia.
Novidade mais importante desta instituição: os direitos de voto se distribuem conforme o princípio da ONU: um país, um voto. Com independência do montante dos depósitos. O que não permite que os grandes contribuintes dominem, submetendo o Banco a seus interesses. Brasília quis, no começo, resistir a essa democracia radical, mas acabou votando a favor da Declaração de Quito, que obriga o novo instituto financeiro respeitar o Direito internacional assim como a proteção do meio ambiente. Essas normas, às quais, diga-se de passagem, o Banco Mundial é completamente alheio, têm que reger a concessão de créditos, que deixará de depender da profissão de fé neoliberal dos governos.
A Venezuela e a Bolívia já romperam oficialmente com o FMI. O Equador, governado pelo novo presidente Rafael Correa, mantém desde abril uma dura posição frente às duas instituições de Bretton-Woods. No mais, o boom dos mercados de matérias-primas permitiu a uma série de países sul-americanos extinguir antecipadamente suas dívidas com o FMI e com o Banco Mundial. Isso já vale para a Argentina, o Brasil, Uruguai e a Venezuela. A um prazo mais longo, querem criar um fundo de estabilização monetária, a fim de ampliar o já existente Fundo Latino-Americano de Reserva (FLAR). Como objetivo mais distante, pode-se pensar em uma economia onde haveria uma unidade de cômputo da qual poderia sair uma moeda comum.
As reações oficiais por parte do governo federal [alemão], como de costume, não se caracterizaram por sua competência e objetividade. A senhora Wieczorek-Zeul acredita ver ameaçados os critérios de proteção meio ambiental e social caso a América Latina financie projetos de infra-estrutura e energia e, inclusive, ao setor público, através do novo Banco. Como se esses critérios tivessem desempenhado alguma vez o menor papel nas decisões de concessão de crédito por parte do FMI ou do Banco Mundial. Talvez a ministra devesse pedir a seus especialistas que dessem uma olhada no documento fundacional do Banco do Sul ou que o traduzissem.
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Michael Krätke
Membro do Conselho Editorial da revista Sinpermiso, estudou economia e ciência política em Berlim. Tradução para www.sinpermiso.info: Amaranta Süss

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