"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Angola domina Portugal?

Economistas questionam dimensão da influência angolana via Sonangol
- 20-Feb-2008 - 17:32
O investimento angolano em empresas estratégicas portuguesas, através da petrolífera Sonangol, dá a Luanda capacidade de influenciar decisões em Lisboa, mais do que permitir a diversificação de activos externos, defendem economistas ouvidos pela Lusa.
Enquanto alguns vêem com preocupação a entrada de gestores angolanos ligados ao Estado na administração de empresas como a Galp ou o Millennium Bcp, outros, como o gestor do programa angolano do Banco Mundial, Alberto Chueca, pensam que Luanda está principalmente interessada em ter uma palavra a dizer na gestão de grupos que têm importantes operações em Angola.
"Faria perfeito sentido que por detrás da decisão da Sonangol investir em empresas portugueses pudesse estar uma intenção estratégica de influenciar o tipo de decisões administrativas destas empresas em Angola", disse à Lusa Alberto Chueca, que afirma ser "legítima" e de "todo o bom-senso" esta postura.
"Temos muitas dúvidas de que a Sonangol tenha qualquer intenção e/ou alavancagem para desempenhar um papel" de "influenciar a política doméstica em Lisboa", adianta o responsável do Banco Mundial.
Ao contrário dos restantes economistas, Chueca faz questão de diferenciar o governo de Angola da Sonangol, que, enquanto empresa pública, "deve maximizar o lucro depois canalizado para o Estado de Angola", pelo que "não há nada de errado em fazer investimentos fora de Angola e em diferentes sectores, assegurando que o racional económico é sólido e sensato".
O comércio e os fluxos de investimento entre Portugal e Angola estarão em destaque na visita oficial de três dias que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, inicia quinta-feira à antiga colónia portuguesa.
"As relações comerciais são um aspecto importante da nossa relação. O incremento das trocas comerciais e do investimento (português) em Angola, como também de Angola em Portugal, é uma realidade que o poder político dos dois estados não pode ignorar", afirmou terça-feira à noite o ministro Luís Amado.
Para o economista e ex-secretário de Estado das Finanças Nogueira Leite, a Sonangol "actua como um fundo soberano" do Estado angolano, mas são vários os investidores do género em Portugal, pelo que Angola não deve ser marginalizada.
Exemplo, disse à Lusa, é o do banco La Caixa, que tem por detrás o governo catalão.
É certo que Espanha é um país democrático que pertence a um bloco económico de que Portugal faz parte, mas ao mesmo tempo, salienta, "diz-se que a [empresa pública russa do sector energético] Gazprom vai entrar na Galp, e a Rússia não é propriamente uma democracia".
"Temos de ser consistentes, e não pedir aos empresários que sejam políticos", enquanto o primeiro-ministro e o Presidente da República se desdobram em apelo ao investimento angolano, afirmou o economista.
Mais céptico, um economista e professor universitário português que pediu anonimato, salienta que, com as participações na Galp ou Millennium, Angola passa a ter "capacidade de pressão" sobre as empresas e a economia portuguesa, que em casos-limite pode até ser transformada em "poder de chantagem".
Se "de repente, por razões políticas, Angola ameaçasse vender a sua participação" em empresas como a Galp ou o Millennium, tal poderia causar grande perturbação nos mercados de capitais, exemplifica o mesmo economista.
Embora levando em conta que a "relação financeira é também uma relação de poder", o ex-ministro da Economia Daniel Bessa mostra-se bastante mais optimista em relação ao investimento angolano.
"Sou dos que entendem que só pode haver uma atitude a um tempo correcta e descomplexada para com o investimento angolano em Portugal. Como português, cidadão de um país com um défice da balança de transacções correntes da ordem dos 10% do PIB, com consequente défice de poupança interna, só posso sentir-me agradecido e lisonjeado por esta disponibilidade do Estado angolano para investir em Portugal", adianta.
Para Bessa, o Estado português "não tem sequer o direito de interferir na escolha das entidades a quem os interesses privados portugueses entendem alienar os seus activos", devendo deixar esse papel a estes agentes e aos reguladores.
Isto, à excepção de "situações extremas" que, "em minha opinião, não se aplicam hoje ao Estado angolano", frisa.
"Se isso nos constitui numa situação de alguma fragilidade... é a vida. Não se pode ter `sol na eira e chuva no nabal´, sendo dos livros que, nestas matérias, a relação de poder é sempre assimétrica, em benefício dos credores e dos investidores em geral", afirma Bessa.
Para o economista e analista político angolano Justino Pinto de Andrade, a Sonangol “não é a mão directa” do Estado angolano.
A petrolífera “detém liberdade e maioridade”, e acaba por ser protagonista da "internacionalização" do país apenas porque é praticamente a única empresa com capacidade para tanto.
“Por outro lado, os investimentos da Sonangol em Portugal, e noutros mercados mais competitivos, permitem a Angola obter conhecimentos que não existem internamente", disse à Lusa.
Manuel Alves da Rocha, economista e professor na Universidade Católica de Angola, também vê a Sonangol assumir-se como protagonista da "estratégia de internacionalização pela via financeira” delineada pelo governo - é o “instrumento mais poderoso” de Luanda nesta área.
Apesar de melhorias, Alves da Rocha afirma que “há ainda muito a fazer” no que diz respeito à transparência do sector petrolífero angolano.
“É consensual que há determinadas questões que devem constituir segredo de Estado, especialmente nesta área onde a concorrência dita regras, mas é também verdade que nem tudo pode ser segredo”, afirmou à Lusa.

http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=20596&catogory=Angola

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