"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

segunda-feira, 2 de julho de 2007

A violência gratuita e o Estado soberano

O que mostra deterioração social no Brasil é menos a violência dos bandidos profissionais, mas a violência gratuita praticada pelo cidadão comum nas circunstâncias normais do dia-a-dia. É essa violência que mostra que os valores sociais estão efetivamente se dissolvendo e a diferença entre o cidadão honesto e o bandido desaparecendo. O cidadão se sente no direito de se comportar como bandido, pois não vê o Estado atuar, punir, restringir a violência, e desse modo o indivíduo se sente no direito de extravasar os seus instintos mais primitivos. É o que se vê por exemplo na ação das ordas de torcedores antes, durante e após os jogos. No sábado, por exemplo, um amigo que estava com uma camisa verde (não era do Palmeiras e ele não é palmeirense, mas isso também é irrelevante) teve o carro cercado por torcedores corinthianos e antes que ele conseguisse fechar o vidro levou um soco no olho. Felizmente havia outras pessoas no carro que não o deixaram sair para briga. Se ele estivesse com uma arma teria usado, se eu estivesse na situação e com uma arma teria usado. Porque não há Estado para o qual apelar, não há soberano no Brasil, o Estado não consegue manter o monopólio da violência legítima, acossados pela violência todos se sentem com o direito legítimo de usar a força. Mas isto inviabiliza uma sociedade. Dessa crença no direito de uso legítimo da violência para a violência gratuita é um passo. Como o caso do bando de classe média agredindo a doméstica e dizendo imaginar ser uma prostituta, a idéia é que a prostituta é uma desviante, e por isso merece punição. Isso vale para o índio incendiado, vale para violência contra os pobres em geral que são vistos como uma ameaça a sociedade. Quando em grupos o problema tende a se agravar, pois os homens tendem a liberar ainda mais os seus instintos primitivos quando o fazem no interior de um grupo.
O Brasil precisa urgentemente que o Estado assuma a sua posição de soberano e aja como o soberano de Carl Schmitt e defina as regras de exceção. O Brasil precisa de regras de exceção para conter a violência, e reestruturar a sociedade. Infelizmente os políticos que temos não incapazes de tomar esta decisão por não ter qualquer moral, porque eles vivem fora da lei, na ilegalidade e se beneficiam do próprio processo. A questão é até quando a sociedade suporta esta desorganização, esse caos que apenas alimenta a raiva, a insatisfação e a desilusão que realimenta a desorganização e o caos.

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