O que mostra deterioração social no Brasil é menos a violência dos bandidos profissionais, mas a violência gratuita praticada pelo cidadão comum nas circunstâncias normais do dia-a-dia. É essa violência que mostra que os valores sociais estão efetivamente se dissolvendo e a diferença entre o cidadão honesto e o bandido desaparecendo. O cidadão se sente no direito de se comportar como bandido, pois não vê o Estado atuar, punir, restringir a violência, e desse modo o indivíduo se sente no direito de extravasar os seus instintos mais primitivos. É o que se vê por exemplo na ação das ordas de torcedores antes, durante e após os jogos. No sábado, por exemplo, um amigo que estava com uma camisa verde (não era do Palmeiras e ele não é palmeirense, mas isso também é irrelevante) teve o carro cercado por torcedores corinthianos e antes que ele conseguisse fechar o vidro levou um soco no olho. Felizmente havia outras pessoas no carro que não o deixaram sair para briga. Se ele estivesse com uma arma teria usado, se eu estivesse na situação e com uma arma teria usado. Porque não há Estado para o qual apelar, não há soberano no Brasil, o Estado não consegue manter o monopólio da violência legítima, acossados pela violência todos se sentem com o direito legítimo de usar a força. Mas isto inviabiliza uma sociedade. Dessa crença no direito de uso legítimo da violência para a violência gratuita é um passo. Como o caso do bando de classe média agredindo a doméstica e dizendo imaginar ser uma prostituta, a idéia é que a prostituta é uma desviante, e por isso merece punição. Isso vale para o índio incendiado, vale para violência contra os pobres em geral que são vistos como uma ameaça a sociedade. Quando em grupos o problema tende a se agravar, pois os homens tendem a liberar ainda mais os seus instintos primitivos quando o fazem no interior de um grupo.
O Brasil precisa urgentemente que o Estado assuma a sua posição de soberano e aja como o soberano de Carl Schmitt e defina as regras de exceção. O Brasil precisa de regras de exceção para conter a violência, e reestruturar a sociedade. Infelizmente os políticos que temos não incapazes de tomar esta decisão por não ter qualquer moral, porque eles vivem fora da lei, na ilegalidade e se beneficiam do próprio processo. A questão é até quando a sociedade suporta esta desorganização, esse caos que apenas alimenta a raiva, a insatisfação e a desilusão que realimenta a desorganização e o caos.
O Brasil precisa urgentemente que o Estado assuma a sua posição de soberano e aja como o soberano de Carl Schmitt e defina as regras de exceção. O Brasil precisa de regras de exceção para conter a violência, e reestruturar a sociedade. Infelizmente os políticos que temos não incapazes de tomar esta decisão por não ter qualquer moral, porque eles vivem fora da lei, na ilegalidade e se beneficiam do próprio processo. A questão é até quando a sociedade suporta esta desorganização, esse caos que apenas alimenta a raiva, a insatisfação e a desilusão que realimenta a desorganização e o caos.
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