"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Se há Verdade, só pode haver uma Igreja!

A Congregação para a Doutrina da Fé (se quisermos falar mal devemos lembrar que é o ex-Santo Ofício) esclarecendo teses do Concílio do Vaticano II expôs em um texto que a Igreja Católica é a única Igreja onde Cristo subsiste conforme texto parcialmente reproduzido abaixo. No entanto, parece haver alguma insanidade na argumentação dos críticos que reflete a própria fraqueza da tese ecumênica. Para que a religião faça sentido é preciso supor que a VERDADE existe, e se a VERDADE existe, ela só pode ser ÚNICA, e, portanto, ABSOLUTA. Sendo ABSOLUTA, não pode ser relativa, o que significa que se alguém está com a VERDADE, e os outros afirmam outra tese, esta, por definição, é FALSA. Verdade parcial é uma contradictio in adjectio, portanto, a aceitação da VERDADE de uma religião significa que as demais são falsas, as demais estão equivocadas. Não faz sentido em termos de religião dizer que cada uma vê um aspecto da realidade, porque se a religião é um discurso sobre Deus, e Deus é único, apenas um discurso sobre Deus é VERDADEIRO, refletem a PALAVRA de DEUS, todos os outros são manifestações meramente humanas sobre Deus, e, portanto, limitadas e sujeitas a equívocos. É possível dizer que todas as religiões estão erradas, mas não faz sentido dizer que todas estão certas. Deste modo, fundar uma Igreja significa dizer que as demais não são portadoras da verdade. A religião é, por definição, excludente. A VERDADE de uma Igreja exclui a possibilidade que as outras sejam verdadeiras. Então é incompreensível que alguém se surpreenda que a Igreja Católica diga que Cristo subsiste apenas nela, que ela é a única e verdadeira Igreja de Cristo. Estranho seria dizer o contrário. Do mesmo modo, as Igrejas que romperam com o catolicismo o fizeram baseados na idéia de que eles eram os portadores da VERDADE que estava sendo deturpada pela Igreja Católica, portanto, eles excluem a possibilidade que os católicos estejam com a VERDADE, porque se eles supusessem isso eles não teriam rompido com a Igreja Católica. Por outro lado, se os católicos acreditassem que os reformadores ou cismáticos estivessem com a VERDADE, os católicos os acompanhariam neste caminho e também não haveria rompimento. Onde há VERDADE, há exclusão. Faz sentido esperar que os católicos afirmem que a Igreja Ortodoxa expressa a plena verdade de Cristo? Obviamente que não, se os ortodoxos não estão em comunhão com o Papa e se a primazia de Pedro foi instituída pelo próprio Cristo, os ortodoxos não compartilham a VERDADE de Cristo. Do mesmo modo, estranho seria o Papa afirmar que a sucessão apostólica e a eucaristia não são necessárias para definir uma Igreja cristã. Se para haver Igreja é necessário que o celebrante seja instituído pelo sacramento da Ordem e a celebração deve envolver a prática da Eucaristia, as grupos reformistas não são igrejas. E pronto. Quando os Ortodoxos e reformistas protestam contra a manifestação do Vaticano apenas demonstram que sentem uma enorme necessidade de serem reconhecidos pela Igreja Católica, ligam a sua legitimidade ao discurso que os católicos fazem sobre eles, o que em tese demonstraria que reconhecem a primazia da Igreja Católica nos temas referentes ao Cristianismo. Enfim, nas discussões religiosas é o ecumenismo que deve surpreender, é o ecumenismo que é incompatível com a concepção religiosa de VERDADE.

Segunda questão: Como deve entender-se a afirmação de que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja católica?

Resposta: Cristo "constituiu sobre a terra" uma única Igreja e instituiu-a como "grupo visível e comunidade espiritual"[5], que desde a sua origem e no curso da história sempre existe e existirá, e na qual só permaneceram e permanecerão todos os elementos por Ele instituídos[6]. "Esta é a única Igreja de Cristo, que no Símbolo professamos como sendo una, santa, católica e apostólica […]. Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele"[7].
Na Constituição dogmática Lumen gentium 8, subsistência é esta perene continuidade histórica e a permanência de todos os elementos instituídos por Cristo na Igreja católica[8], na qual concretamente se encontra a Igreja de Cristo sobre esta terra.
Enquanto, segundo a doutrina católica, é correcto afirmar que, nas Igrejas e nas comunidades eclesiais ainda não em plena comunhão com a Igreja católica, a Igreja de Cristo é presente e operante através dos elementos de santificação e de verdade nelas existentes[9], já a palavra "subsiste" só pode ser atribuída exclusivamente à única Igreja católica, uma vez que precisamente se refere à nota da unidade professada nos símbolos da fé (Creio… na Igreja "una"), subsistindo esta Igreja "una" na Igreja católica[10].

Terceira questão: Porque se usa a expressão "subsiste na", e não simplesmente a forma verbal "é"?
Resposta: O uso desta expressão, que indica a plena identidade da Igreja de Cristo com a Igreja católica, não altera a doutrina sobre Igreja; encontra, todavia, a sua razão de verdade no facto de exprimir mais claramente como, fora do seu corpo, se encontram "diversos elementos de santificação e de verdade", "que, sendo dons próprios da Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica"[11].
"Por isso, as próprias Igrejas e Comunidades separadas, embora pensemos que têm faltas, não se pode dizer que não tenham peso ou sejam vazias de significado no mistério da salvação, já que o Espírito se não recusa a servir-se delas como de instrumentos de salvação, cujo valor deriva da mesma plenitude da graça e da verdade que foi confiada à Igreja católica"[12].

Quarta questão: Porque é que o Concílio Ecuménico Vaticano II dá o nome de "Igrejas" às Igrejas orientais separadas da plena comunhão com a Igreja católica?
Resposta: O Concílio quis aceitar o uso tradicional do nome. "Como estas Igrejas, embora separadas, têm verdadeiros sacramentos e sobretudo, em virtude da sucessão apostólica, o Sacerdócio e a Eucaristia, por meio dos quais continuam ainda unidas a nós por estreitíssimos vínculos"[13], merecem o título de "Igrejas particulares ou locais"[14] , e são chamadas Igrejas irmãs das Igrejas particulares católicas[15].
"Por isso, pela celebração da Eucaristia do Senhor em cada uma destas Igrejas, a Igreja de Deus é edificada e cresce"[16]. Como porém a comunhão com a Igreja católica, cuja Cabeça visível é o Bispo de Roma e Sucessor de Pedro, não é um complemento extrínseco qualquer da Igreja particular, mas um dos seus princípios constitutivos internos, a condição de Igreja particular, de que gozam essas venerandas Comunidades cristãs, é de certo modo lacunosa[17].
Por outro lado, a plenitude da catolicidade própria da Igreja, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele, encontra na divisão dos cristãos um obstáculo à sua realização plena na história[18].

Quinta questão: Por que razão os textos do Concílio e do subsequente Magistério não atribuem o título de "Igreja" às comunidades cristãs nascidas da Reforma do século XVI?

Resposta: Porque, segundo a doutrina católica, tais comunidades não têm a sucessão apostólica no sacramento da Ordem e, por isso, estão privadas de um elemento essencial constitutivo da Igreja. Ditas comunidades eclesiais que, sobretudo pela falta do sacerdócio sacramental, não conservam a genuína e íntegra substância do Mistério eucarístico[19], não podem, segundo a doutrina católica, ser chamadas "Igrejas" em sentido próprio[20].

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