Acabei de ler "Cultura e Desenvolvimento em Época de Crise" de Celso Furtado. Inclusive serviu para alterar a frase inicial do blog. O livro é de 1984, mas continua sendo um bom compêncio dos principais problemas brasileiros, continuamos sofrendo com a falta de criatividade, continuamos tendo a nossa cultura destruída, continuamos sem um projeto nacional de desenvolvimento, continuamos sem resolver o problema do federalismo, resolvemos o problema da dívida externa, mas criamos um problema para a dívida interna e criamos uma armadilha monetária e no setor externo. Mas o que eu quero comentar é sobre o papel das universidades na superação do subdesenvolvimento e da dependência.
É possível afirmar com absoluta certeza que se depender das universidades e dos intelectuais brasileiros, o Brasil será eternamente um país dependente e subdesenvolvido. É impressionante o retrocesso intelectual vivenciado pelo Brasil desde os anos 70. No intervalo entre 1930 e 1982, não apenas a economia brasileira propsetou, mas também o pensamento brasileiro (e porque não dizer latino-americano), a partir dos anos 80 o regresso é notável. Toda forma de pensamento autóctone foi eliminado. Viramos meros resumidores de idéias produzidas no centro do mundo, e pior, resumidores das piores idéias desenvolvidas no centro do mundo. Ao invés de desenvolver um debate acadêmico entre os intelctuais locais dá-se sempre preferência para citar autores estrangeiros, criticar os autores estrangeiros, e a ci~encia no Brasil cresce com isso? Não. Para o desenvolvimento científico e intelectual do Brasil, quais intelectuais precisam ser massacrados teoricamente? Os nossos. É preciso ler e criticar o que é produzido aqui para que as idéias se desevolvam, se sofistiquem, para que surjam novas teorias, inovações, tecnologias, para que o país cresça. Mas não. O clientalismo e o apadrinhamento faz com que quando se cita algum nacional é para elogiar, bajular. Fora desta se situação, ignora-se tudo o que é produzido aqui. Claro que ler o que a maioria dos intelectuais brasileiros escrevem é a maior perda de tempo e cerébro. No entanto, o que se escolhe ler que foi produzido no exterior não é muito melhor, é sempre a repetição ad nauseam das mesmas besteiras. Então besteira por besteira devemos ler as besteiras produzidas aqui ao menos assim estamos contribuindo para o desenvolvimento intelectual, cultural e técnico do país. Dada a formação corporativista das universidades brasileira, ler o que aqui é produzido e ter coragem de dizer que é ruim já é um passo fundamental. Desenvolvimento intelectual não se faz com elogios se faz com críticas.
Mas também não é a crítica vagabunda que domina no Brasil. Aqui quando um texto é criticado é por razões eminentemente pessoal. Apenas se critica os textos dos inimigos e sempre pelas razões erradas. O mérito é última coisa que conta entre a intelctualidade brasileira. Pobre Brasil, por isso, ao invés de termos cada vez mais Celsos Furtados temos cada vez mais Bressers, mais Mantegas, mais Gustavos Francos. E é interessante como mesmo os melhores cérebros são contaminados por esse mundo doente e param de pensar.
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