Biocombustível pode ser solução para agricultura, diz Pedro Pires
O Presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, defendeu hoje que a produção de biocombustível pode ser "uma nova oportunidade para a agricultura e silvicultura" de África, sem pôr em causa a segurança alimentar.
Falando em Roma na 34ª conferência da Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), Pedro Pires assinalou que vastas áreas do continente africano não são utilizadas para a produção de alimentos, por dificuldades climatéricas e geológicas.
"Estou em crer que alternativas tecnológicas podem viabilizar a cultura de espécies adaptadas a esses climas para a produção de biocombustíveis. Evitava-se assim que terrenos apropriados para a produção de alimentos fossem ocupados e transformados em extensas monoculturas de espécies destinadas à produção do etanol ou do biodiesel", afirmou.
O Presidente de Cabo Verde está esta semana em Itália, para onde viajou a convite da FAO, e falava hoje numa conferência especial sobre Florestas e Energia, altura em que aproveitou também para dizer que, face às tendências altistas do mercado das matérias-primas agrícolas, a segurança alimentar e o direito à alimentação pelas populações mais pobres do planeta são "prioridades incontornáveis da agenda internacional".
"E, por tudo isso, considero que não é tempo de pensar na ´desactivação´ da FAO, pois, mantém-se como uma instituição essencial para a materialização de certos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, com os quais a comunidade internacional está altamente comprometida", defendeu.
Até recentemente, afirmou, as grandes preocupações eram a desertificação, a reflorestação e a erradicação da fome e da pobreza, sendo que agora "a crise energética e a busca de saídas e alternativas para a sua superação tendem a dominar a agenda internacional, a influenciar a definição de prioridades e urgências quanto ao nosso futuro próximo".
Uma das alternativas, defendeu, pode ser o biocombustível, desde que a sua produção "não concorra com a produção agrícola para alimentação humana, não ponha em causa a segurança alimentar para todos, nem contribua para a destruição das florestas primárias, e se faça com as devidas precauções sociais e ambientais".
Entre 1990 e 2005, alertou, o mundo perdeu cerca de 3 por cento da superfície florestal, registando-se actualmente evoluções contraditórias: em África e na América do Sul e Central registam-se os maiores desmatamentos, na Europa e Ásia regista-se, em sentido inverso, o crescimento das áreas florestadas.
Os países que mais desmataram entre 2000 e 2005, segundo uma pesquisa da FAO sobre a Situação das Florestas no Mundo, foram a Indonésia, México, Papua-Nova Guiné e Brasil. A África que concentrava 16 por cento das florestas mundiais, perdeu 9 por cento.
No continente africano, "a segurança alimentar, a par do acesso à água potável e ao saneamento básico", são objectivos prioritários, agora e no futuro, disse Pedro Pires.
E concluiu: "É indispensável o ordenamento das ricas bacias hidrográficas africanas, importante meio de integração económica, e o desenvolvimento de infra-estruturas hidro-agrícolas, acompanhados pela formação dos agricultores, pela modernização das práticas e tecnologias agrícolas e pelo aumento da produtividade e da segurança da produção, oferecendo, assim, alternativas de prosperidade e dignidade ao continente".
http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=19892&catogory=Cabo%20Verde
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