1. O governo americano pedia 10 milhões de dólares ao governo brasileiro para criação do Colégio Interamericano de Defesa para formação conjunta de quadros militares da América. O governo brasileiro decidiu que não iria participar. Quando a decisão foi ser comunicada ao chefe do Estado Maior das Forças Armadas, ele comunicou que o exército já havia pegado o dinheiro emprestado com a Embaixada americana e que os militares brasileiros já estavam lá, inclusive haviam levado as famílias. Então como fato consumado o governo brasileiro teve que aceitar.
2. Walter Moreira Salles cancelou um acordo do Brasil com a Finlância onde a Finlãndia forneceria papel a custo inferior ao dos EUA e o Brasil forneceria café. Moreira Salles cancelou o acordo alegando que violava os princípios do livre-comércio. A Finlância foi comprar café da Colômbia e o Brasil continuou comprando papel mais caro dos EUA.
3. Na década de 50, foi votado na ONU um projeto condenando a escravidão na Arábia Saudita. Dois países votaram contra os EUA e o Brasil. Justificativa do representante brasileiro para o deputado Renato Archer: "Como é que eu, que sempre votei a favor dos Estados Unidos, iria deixá-los sozinhas em um momento em que estavam enfrentando dificuldades e defendendo seus legítimos interesses? Meu voto foi apenas um gesto cavalheiresco."
4. "Na Comissão Parlamentar de Inquérito de 1956, acusei os embaixadores Raul Fernandes, Edmundo Barbosa da Silva e Vasco Leitão da Cunha de jamais terem defendido a política brasileira de energia nuclear nas negociações com os Estados Unidos. O curioso é que todos eles tentaram se justificar invocando a Lei MAc-Mahon. como se uma lei norte-americana tivesse validade, jurisdição, no território nacional brasileiro."
5. Anos 60: A Missão Militar Norte-americana ocupava um andar no próprio prédio do Ministério da Guerra brasileiro, o mesmo ocorrendo com a representação da Marinha americana no prédio do Ministério da Marinha do Brasil.
6. San Tiago Dantas pergunta aos diplomatas brasileiros: "Qual a posição brasileira na crise de Berlim?" Respondem os grandes diplomatas brasileiros, ou melhoir os grandes funcionários do Itamaraty, "Não há posição. Nós votamos com os americanos." Resposta de San Tiago Dantas: "Então vamos dar a um país qualquer, seja ele qual for, os Estados Unidos ou qualquer outro, o direito de iniciar a Terceira Guerra Mundial com o meu voto, sem sequer imaginar quais as conseqüências disso para os meus interesses, ou para o interesse do resto do mundo?" Começava assim a Política Externa Independente.
7. JK quer denunciar um acordo informal para transferência ilegal de material nuclear para os EUA e chama o chefe do Departamento Econômico e Comercial do Itamaraty, Edmundo Barbosa da Silva, que tinha as informações. Antes de passar as informações para JK, ele liga para o embaixador brasileiro em Washington e diz o seguinte: "Embaixador, esatamos vivendo aquelas dificuldades de um presidente novo, sem experiência. Imagine que ele quer publicar todos os documentos secretos, os acordos secretos feitos com os Estados Unidos. Eu proporia ao senhor que falasse com o Departamento de Estado e mostrasse que é preciso providenciar um protesto antes que o presidente divulgue esta sua decisão." Comentário de Renato Archer: "Confesso que fiquei abismado: o Itamaraty tomando providências para que o nosso embaixador pedisse aos americanos para protestar contra a posição oficial do nossos país. Onde chegara a alienação!" Comentário meu: um sujeito desses deveria ser linchado em praça pública para servir de exemplo aos costumazes traidores da pátria que se encontram no Brasil.
8. Juarez Távora retirou das empresas brasileiras os contratos de pesquisas de minerais radiotivos passando para empresas americanas. Além disso nomeou seu primo, funcionário da Embaixada Americana, como representante do Brasil na Comissão Mista Brasil-Estados Unidos na área nuclear.
9. O Brasil assinou um acordo de importação de trigo com os EUA, uma parte seria paga com areia monazítica, outra era paga em cruzeiros mesmo à Embaixada americana. Já que o dinheiro para financiar a Embaixada americana vinha do governo dos EUA, para que serviria esse dinheiro pago em cruzeiros? Para pagar subornos no Brasil. Arche acrescenta: "É preciso deixar bem claro hoje que - aqui no Brasil - era considerado uma grande distinção estar a serviços dos americanos."
10. San Tiago Dantas sobre João Goulart: "Esta é uma das dificuldades do nosso presidente: ele não faz a menor diferença entre Albert Einstein e o José Gomes Talarico".
11. "Das cinco primeiras medidas do governo Castello Branco, três foram a favor da Hanna Corporation, uma a favor da Light (aumento de tarifas) e a quinta foi a modificação da Lei de Remessa de Lucros."
12. Roberto campos diz para San Tiago Dantas já no governo Castello Branco: "San Tiago, por que você não vai ao presidente pedir para ele permitir o aumento das tarifas da Light?" San Tiago respondeu: "Roberto, acabo de passar dois meses nos Estados Unidos, internado em um hospital." Dá para imaginar qual seria o espanto do presidente, se San Tiago aparecesse à frente dele no palácio e dissesse, de repente: "Presidente, vim aqui para pedir ao senhor que permita o aumento das tarifas da Light!" Roberto Campos insistiu: "Eu tenho muita pena do Antônio Gallotti." "Se você tivesse tanta pena do povo brasileiro", respondeu San Tiago, "quanto tem do Antônio Gallotti, as coisas poderiam ir um pouco melhor." Que o Roberto Campos não valeu nada, eu sempre soube, mas assim também já é demais. Bem disse o cartunista Jaguar quando Roberto campos morreu, tenho pena do pobre diabo que terá que agüentá-lo por toda a eternidade.
13. Delfim Netto foi escolhido ministro da Fazenda pelo governo americano e o plano econômico adotado elaborado pela Rand Corporation segundo depoimento do embaixador Dias Carneiro.
14. A IBM para vender um computador sofisticado a Petrobrás, entre outras, fez as seguintes exigências: quem fosse trabalhar no computador teria que ser aprovado pelo governo americano e não poderia visitar países que fossem considerados de risco pelos EUA. E isso nos anos 80.
15. Aí o Ministéria da Ciência e Tecnologia começou a negociar uma transação secreta com o Japão. E o que fez o coronel Ozires Silva, presidente de Petrobrás? Entregou toda a negociação sigilosa para os americanos.
16. Conclusão: Este país é traído pelos próprios brasileiros que pensam mais no dinheiro no seu bolso do que nos interesses nacionais.
Um comentário:
Corivas,
Onde você achou isso?
Tudo bem que ainda carregamos algumas das falácias da diplomacia brasileira, mas há de convir que - como em todo Estado - as coisas nunca sempre foram somente flores.
O Itamaraty sempre foi independente no que diz respeito a sua tomada de decisão em relação aos outros Ministérios. Isso é uma grande vitória para uns, e, uma falta de concordância administrativa/burocrática para outros.
Dentro do cenário político brasileiro de fato , alguns somente pensam em si e não importa o interesse nacional. Coisa que eu acho - e espero - que mude um pouco, pelo menos no que tange política extrerna.
Esse alinhamento "meneníano" com os Estados Unidos é coisa do passado...diferente do cenário de hoje.
Eu acredito que esse papinho de cooperação Sul-Sul não leva nada a lugar algum, mas já que ta dando relativamente certo... fazer o que?
Fica aqui a minua "utopia" de ver uma diplomacia mais ativa e menos circunstancial da parte do Brasil... será esse meu futuro?
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