23/11/2007 - 09h35
Museu revê legado de autor pernambucano
MARIA EUGÊNIA DE MENEZES
do Guia da Folha
Gilberto Freyre dizia que, antes de historiador, sociólogo ou antropólogo, via-se como escritor. "Foi o que eu mais quis ser desde que quis ser alguma coisa: escritor. Escritor independente de governos e instituições. Viver para escrever e viver de escrever". Como se reconhecesse esse desejo do autor, a exposição que o Museu da Língua Portuguesa abre nesta terça (dia 27) dedica-se ao legado do intelectual pernambucano e coloca em evidência as características de sua prosa sedutora.
A mostra, que marca os 20 anos de sua morte, reúne documentos, fotografias e manuscritos de livros, além do material utilizado na pesquisa de obras como "Casa-Grande e Senzala" e os questionários que distribuiu a pessoas de todas as classes sociais para escrever "Ordem e Progresso".
Com projeto cenográfico de André Cortez e curadoria de Júlia Peregrino, Élide Rugai Bastos e Pedro Vasquez, a exposição ocupa o primeiro andar do prédio da estação da Luz e recria os ambientes de uma casa, na qual o visitante deve abrir armários, portas e gavetas para descobrir vestígios que ajudem a compor um retrato de Freyre. Parte quase desconhecida de sua produção, 27 telas (óleos e aquarelas) pintadas por ele e alguns de seus poemas também estarão expostos. Outra boa surpresa que a coleção reserva são os originais de duas autobiografias inéditas de Freyre, nas quais trata do período de sua mocidade.
"Nossa preocupação é conquistar quem não conhece seus livros, é revelá-lo para o grande público e atrair novos leitores", explica Peregrino. Sem pretensões de esgotar a biografia do autor, a exposição segue padrão semelhante ao das duas bem-sucedidas mostras anteriores, dedicadas a Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
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