Comparação entre o Congresso realizado na Academia da Força Aérea e o da Escola Naval
1. Recepção: fomos muito melhor recebidos na AFA, houve uma interação maior com os militares, eles sabiam o que estava ocorrendo, procuravam sempre estar junto aos civis para conversar e trocar informações. Havia um tenente para se relacionar com os professores de cada delegação, um cadete para acompanhar os alunos e uma cadete para acompanhar as alunas. Nada disso teve na Escola Naval, o tenente que acompanhou as delegações na viagem só foi encontrado na chegada e no dia da saída. Fora isso cumprimentos de corredor apenas, e nenhum outro fez a função. Durante as refeições os militares da Marinha não se misturavam, não interagiam com o Congressista, mesmo um instrutor militar da AMAN concordou comigo, então o problema não era o fato de eu ser civil e não estar muito interessado neles. Algumas vezes sentei à mesa com eles para obrigá-los a conversar, mas não foi fácil e não saiu nada que me interessasse. Não me tornei um conhecedor maior do interior da marinha brasileira. A situação não foi melhor para os alunos como veremos abaixo.
2. Grupos de discussão: Na AFA houve a organização de grupos de discussão dos quais os professores não faziam parte apenas supervisionavam seus alunos. No evento anterior, eu havia reclamado da ausência do que fazer, mas a solução foi péssima, colocaram os professores nos grupos de discussão com os alunos, o que não tem nenhuma graça e ainda cerceia a expressão dos alunos, acabam por ficar constrangidos. As discussões foram menos entusiásticas em relação às realizadas na AFA e os resultados mais duvidosos, os grupos ficaram mais débeis. Por quê? Porque na AFA estes grupos serviam não apenas para discussões, mas também para as demais atividades e como não havia no grupo participantes da mesma faculdade que a sua os alunos eram obrigados a conhecer novas pessoas. Agora isso não ocorreu os contatos forçados existiram apenas nas breves discussões, pois as atividades sociais e esportivas foram coletivas, então todos iam junto, assim se formavam as panelinhas de cada faculdade sempre. Do ponto de vista da troca intelectual não foi positivo estas atividades coletivas apesar de serem compreensíveis pelos custos. Novamente penso que os professores deveriam discutir os temas em grupo a parte com os professores da unidade que organiza o evento para saber o que esse pessoal pensa, isto sim, seria enriquecedor.
3. Palestrantes: os palestrantes da Escola Naval em geral foram superiores, provavelmente porque as pessoas se disponibilizam mais ir para Rio de Janeiro fazer apresentações do que para Pirassununga.
4. Alimentação: que me perdoem os marinheiros, mas a comida deles é uma droga. Muito pior do que a da AFA, mas muito pior mesmo, inclusive a comida servida para os oficiais cuja única diferença era o local onde ela era servida. Disseram que o orçamento para alimentação de cada aspirante da marinha é de R$3,70 por dia, e depois de comer a comida deles, eu acreditei. Meu Deus, como serviram sopa, uma sopa horrível, nojenta, e a feijoada? E a carne cozida? Ainda bem que havia lanchonete. Outra ineficiência em relação a AFA, a cantina começa a funcionar as dez da manhã e fecha às 19:30hs e para piorar fica a quilômetros do auditório, então foi triste me alimentar nestes dias. Mesmo o Luís Felipe que economiza tíquete oferecido para a Marinha para ele jantar no valor de 15 reais achou a comida ruim, então não é só chatice minha. E o pão do primeiro café da manhã da segunda-feira? Deve ter sido comprado na sexta e como os aspirantes vão pra casa no final de semana o que sobrou deram pra gente na segunda-feira de manhã, mas nem seu gastasse toda a maionese ou margarina disponível teria prazer em comer aquilo. E o suco? Pqp, fiquei com saudade do suco de uva de soja da AFA que era triste. O suco na Escola Naval ou era água colorida ou açúcar líquido. Quase vomitei com o guaraná deles, que nojo. Vou te contar se dependermos da alimentação dos marinheiros para ganhar uma guerra, podemos mostrar a bandeira branca por antecipação. Estou no lobby, é preciso aumentar o orçamento para a alimentação da Marinha do Brasil. Nem a comida dos oficiais presta.
5. Dormitórios: A Escola Naval é menor que a AFA e recebeu mais congressistas, então os alojamentos foram complicados. Os professores na AFA ficaram bem instalados em local à parte, em quartos com ar condicionado, televisão do hotel dos oficiais. Na Escola Naval ficaram em quarto dos estudantes que foram deslocados, ficando em até quatro pessoas no quarto. No meu caso dividi com um professor da USP. A divisão dos quartos foi incompetente, eles não sabiam quem estava em qual quarto, não foi como na AFA que os quartos foram distribuídos previamente, na Escola Naval eles iam enfiando professores no quarto até o número de quatro, se tivessem que chamar um professor não saberiam em que quarto estavam. Os alunos ficaram em grandes dormitórios coletivos e utilizando banheiros coletivos, onde havia chuveiros com água predominantemente fria. Logo no primeiro dia os chuveiros começaram a dar problema e explodir. Como ficamos na mesma área dos aspirantes era impossível não acordar com a corneta e com os recados periódicos nos alto-falantes destinados a eles. Dormi mal praticamente todos os dias tanto pelo horário que ia dormir quanto pela preocupação em ter que acordar. E ainda tenho dúvida se conversei dormindo, acordei achando que tinha falado alguma coisa e ouvi o professor me perguntando se estava tudo bem e eu disse que dia, mas no outro dia ele não lembrava de ter perguntado nada. Então devo ter falado tanto dormindo que falei até pelo colega. No banheiro do quarto que eu estava a água quente desapareceu no segundo dia e não voltou. E não tive a solidariedade do colega de quarto, ele disse que há anos só tomava banho frio. E vocês não imaginam o quanto a água ficou fria, porque teve um dia que realmente fez frio no Rio de Janeiro. Mas a situação dos alunos era mais precária com banho coletivo, água fria, e o corneteiro dentro do quarto tocando a corneta para os aspirantes levantarem. O café da manhã era entre 7:00 e 7:40hs, então haja sofrimento para quem costuma levantar só depois das onze da manhã e dormir de madrugada. Nunca dormir num travesseiro tão duro, outro problema, mas não me atrapalhou dormir. O quarto até que é grande.
6. Almirante Leal Ferreira e Brigadeiro Souza e Melo, comandante da Escola Naval e comandante da Academia da Força Aérea. Não há parâmetro de comparação, o brigadeiro foi a simpatia em pessoa com todos, interagiu com todos, mesmo em mesa separada almoçava com todos os demais oficiais e professores, ficava tirando foto com alunos, batia papo com os alunos, o que certamente não foi o caso do Almirante.
8. Atividades sociais e desportivas. Na força área como já disse as atividades forma desenvolvidas em grupos pequenos e na Escola Naval todos juntos. Outra diferença é que o foco da força aérea foram as atividades práticas, os congressistas fazerem coisas, enquanto na Escola Naval foi olhar coisas.
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