Todo o primário (hoje o famoso ensino básico) eu estudei numa escola salesiana. Tinha que fazer fila para entrar na sala, nos tempos áureos tinha que se levantar sempre que uma das freiras entrava na sala, hasteava a bandeira semanalmente, e era preciso fazer uma fila com formação correto do menor para o maior, acho que já contei que o fdp que ficava na minha frente na fila almoçava ovo todo dia, não era possível, e tinha problemas de estômago porque sempre ficava arrotando aquele odor insuportável de ovo. Periodicamente havia retiro na chácara das irmãs, eu realmente achava muito chato. E fazia parte da rotina a educação religiosa, e os exemplos eram São Domingos Sávio e a hoje beata Laura Vicuña. Havia uma overdose de Laura Vicuña, tinha filminho sobre a vida dela, havia uma imagem dela num dos corredores próximos da diretoria. E pela importância do colégio para a cidade e quantidade de gente que estudou lá, Laura Vicuña é conhecida, tem até um escritório de contabilidade com esse nome. Há alguns dias vi o nome Laura Vicunã em algum local aqui em São Paulo, lembrei-me da escola. Também lembrei-me que as visitas do bispo à escola era um acontecimento, Dom Antônio Sarto, e me perguntei se ele ainda seria o bispo de Barra do Garças (vou escrever muito Barra do Garças, porque pelo contador de visitas é por meio de buscas com o nome Barra do Garças que chega mais gente ao meu blog ). E o bom a internet é que ela responde praticamente qualquer pergunta, e Dom Antônio Sarto agora é bispo emérito, e o atual bispo chama-se Protégenes. Quando comecei a estudar o pessoal ainda beijava a mão do bispo (a rigor o anel do bispo), hoje acho que só as velhinhas ainda fazem isso. Havia também as comemorações na capela da escola, entre elas, a coroação de Nossa Senhora, e eu já fiz isso, já coroei Nossa Senhora. Havia a irmã Facundine, que cuidava da biblioteca. A irmã Facundine foi uma das freiras que foi uma vez na casa da minha avó, onde se fez durante um tempo, às quartas-feiras encontros espíritas em família, maior diálogo inter-religioso impossível. Não sei porque razão uma vez a irmã Facundine inventou de pedir uma galinha lá de casa emprestada para chocar os ovos das galinhas do colégio, nesta história como agradecimento eu ganhei um lápis gigante com várias imagens da Itália que eu tenho até hoje (claro se minha mãe não sumiu com ele quando inventaram de mudar de casa). Fiz primeira comunhão só por causa da irmã Facundine, eu odiei o curso preparatório que era na Igreja ao lado do colégio Dom Bosco e aí passou um tempo e a irmã Facundine iniciou esse curso lá na capela do colégio e aí eu e meus irmãos fizemos. Na portaria do colégio estavam lá já bem velhinhas a irmã Angélica e a irmã Alice. Havia lá um curso de datilografia, comecei o curso no dia 08/08/1988, detestei, desisti, como é chato aprender datilografia. Na maior parte do tempo que estive lá a diretora foi a irmã Aurélia. A irmã Aurélia tinha porte de madre superiora apesar de ter um rosto com traços suaves, era imponente. A melhor coordenadora (não sei se era esse mesmo o cargo) foi a irmã Maria Antonieta, é um amor de pessoa, vivia com um sininho durante o recreio tentando controlar a bagunça. A irmã Célia era a tesoureira e também professora de história e religião. Até hoje não me conformo de na quinta-série ter tirado 10 nos três primeiros bimestres e 8 no último. A irmão Célia me deu 11 numa prova de ensino religioso, disse que dez era pouco, numa outra oportunidade me disse que eu deveria estudar para ser papa rsrsrs. Não me lembro o nome da irmã, mas era professora de canto, uma freira negra, gorda, boazinha, era muito chato ficar cantando. No pré a minha professora foi a irmã Luciene, um amor de pessoa, era bem novinha, devia estar começando a carreira de freira, nos fazia ficar andando sobre riscos, pé ante pé para aprendermos a andar direito. No pré foi a única oportunidade que eu não consegui escapar de dançar quadrilha na festa junina. Teve também a irmã Helena, ela era muito brava, coitada, todo mundo falava mal dela. Todo mundo dizia que o banheiro do colégio era assombrado, que havia fantasmas lá, e todo mundo inventava ter feito a experiência do copo no banheiro e que os fantasmas se comunicavam. A minha casa era vizinha da escola, dividíamos o muro com o enorme quintal do colégio. Pelas características do terreno, quando chovia muito forte, o muro que dividia o quintal da minha casa e o quintal das irmãs caia e algumas vezes fomos para a escola pelo quintal do colégio. No quintal das irmãs havia muitas mangueiras, cajueiros, sempre foi uma tentação para quem ia lá em casa. E algumas das minhas primas sempre exerciam a arte de pular muros para pegar algumas mangas e cajus. Havia o anfiteatro Salão Paulo VI (acho que é Paulo VI), fizemos várias apresentações lá, na verdade eu ficava nos bastidores organizando. A colação de grau do pré foi lá e eu fui o mestre de cerimônias, tenho o roteiro até hoje. Agora fazendo teatro, o que eu mais gostei foi na oitava série de interpretar o rei Heródes. O que eu não gostei é que faltou público, era para ter sido assistido por todo mundo apesar de ser uma atividade da disciplina de ensino religioso, mas de última hora aconteceu alguma coisa e só as freiras assistiram. Mas o mais revoltante é que a apresentação do meu grupo foi muito melhor, entretanto as irmãs deram a mesma nota para todo mundo pelo esforço. Esta apresentação fazia parte de uma competição entre grupos que o professor inventou para dinamizar a disciplina. Evidentemente meu grupo ganhou. Uma das provas foi responder questões sobre o livro do Êxodo que seria feita pelos outros grupos. Então o que cada grupo fez foi dividir o livro e cada um lia uma parte, como eu não confio nem na sombra e detesto perder, eu li todo o Êxodo. Então toda pergunta que faziam para o meu grupo eu respondia, e aí os outros grupos ficaram revoltados porque só eu respondia e professor também. Aí o professor falou que eu não poderia responder a próxima, eu não aceitei, aí aceitaram, porque tinha tempo máximo para responder, que eu fosse falando a resposta para alguém do meu grupo e a pessoa respondesse. Que ódio, nem pra isso a imprestável servia (lembro o nome da criatura, mas como não é um nome comum não irei escrever), se enrolava toda para falar o que eu estava dizendo, e aí para não perder pontos eu respondi logo eu mesmo, o professor ficou revoltado e encerrou essa parte da competição.
"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."
Ignácio Ellacuría
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