Li vários livros e irei comentar alguns.
Já em dezembro, na última semana de trabalho, no Graminha (que tem uma pizza horrível) um colega me recomendou um livro que ele havia lido para uma disciplina na USP, “O Tupi e o Alaúde” de Gilda de Mello Souza. O livro se propõe pelo subtítulo a ser uma interpretação do Macunaíma de Mario de Andrade, mas na prática faz mais do que isso. Analisa a obra de Mario de Andrade, a sua visão de literatura e coloca uma questão sobre a autonomia da cultura brasileira, em que medida uma obra que pretendia ser uma afirmação da nacionalidade brasileira na literatura alcança este propósito e o quanto continua sendo a reprodução de padrões estéticos externos, ou para ser neutro, universais. A conclusão é pela utilização de padrões forâneos.
No mesmo dia que recebi a sugestão do livro, ouvi uma boa história sobre a acidez crítica de Gilda de Mello e Souza. Ela foi casada com Antonio Cândido, importante intelectual uspiano, o que ofuscou um pouco a importância dela. Um dia ele se aventurou a escrever contos, e escreveu cinco páginas e deu para Gilda avaliar. Depois de ler ela disse, não escreva nem mais uma linha e desista da idéia. E aí ele continuou apenas como crítico literário.
Quando fui comprar “O Tupi e o Alaúde” pelo site da Livraria Cultura vi um anúncio de um livro chamado “Lembrar escrever esquecer”, fui imediatamente seduzido pelo título. O título é ótimo. A autora é Jeanne Marie Gagnebin, é francesa, mas professora da PUC-SP e da Unicamp, não a conhecia. É especialista em Grécia Antiga, em autores gregos. Gostei muito do livro e por isso não irei comenta-lo agora em detalhes porque ele dará origem a vários posts no futuro.
Li também “Sete lições sobre as interpretações do Brasil” de Bernardo Ricupero e fiquei impressionado com o quanto se desperdiça de papel no Brasil e a importância do apadrinhamento. É um livro pueril que não passa de uma singela introdução aos autores, quem tem cultura mediana sobre o Brasil e seus intérpretes pode ignorar o livro. O livro dele sobre Caio Prado Jr é interessante. Uma curiosidade é que o livro “Entre a nação e a barbárie” não está entre os que o autor recomenda para leitura.
Sobre tema similar, mas muito mais consistente, recomendo a leitura de “Linhagens do pensamento político brasileiro” de Gildo Marçal Brandão. Desse livro deriva um programa de pesquisa e quem pretende entender o Brasil e as idéias que se debatem no Brasil deveria lê-lo, especialmente o primeiro capítulo intitulado “Linhagens do pensamento político brasileiro”. Também para quem tem dúvida sobre porque se deve ler e reler os clássicos da política recomenda-se a leitura do capítulo 6 “Teoria política a partir do Sul da América?”. A tese é que qualquer país que queira desenvolver o seu próprio pensamento político deve formular a sua própria interpretação dos clássicos do pensamento político. O capítulo 3 intitulado “O revolucionário da Ordem” é sobre o grande ídolo do professor Alexandre Hage, Oliveiros Ferreira. O texto defende a insólita tese que seria partilhada por Francisco Weffort que Oliveiros Ferreira seria o grande pensador brasileiro efetivamente original pela sua obra “Os 45 cavaleiros húngaros” que utiliza Gramsci de forma não-ortodoxa ou não-marxista, ou ainda para alguns gramscianos, de forma não gramsciana.
Já em dezembro, na última semana de trabalho, no Graminha (que tem uma pizza horrível) um colega me recomendou um livro que ele havia lido para uma disciplina na USP, “O Tupi e o Alaúde” de Gilda de Mello Souza. O livro se propõe pelo subtítulo a ser uma interpretação do Macunaíma de Mario de Andrade, mas na prática faz mais do que isso. Analisa a obra de Mario de Andrade, a sua visão de literatura e coloca uma questão sobre a autonomia da cultura brasileira, em que medida uma obra que pretendia ser uma afirmação da nacionalidade brasileira na literatura alcança este propósito e o quanto continua sendo a reprodução de padrões estéticos externos, ou para ser neutro, universais. A conclusão é pela utilização de padrões forâneos.
No mesmo dia que recebi a sugestão do livro, ouvi uma boa história sobre a acidez crítica de Gilda de Mello e Souza. Ela foi casada com Antonio Cândido, importante intelectual uspiano, o que ofuscou um pouco a importância dela. Um dia ele se aventurou a escrever contos, e escreveu cinco páginas e deu para Gilda avaliar. Depois de ler ela disse, não escreva nem mais uma linha e desista da idéia. E aí ele continuou apenas como crítico literário.
Quando fui comprar “O Tupi e o Alaúde” pelo site da Livraria Cultura vi um anúncio de um livro chamado “Lembrar escrever esquecer”, fui imediatamente seduzido pelo título. O título é ótimo. A autora é Jeanne Marie Gagnebin, é francesa, mas professora da PUC-SP e da Unicamp, não a conhecia. É especialista em Grécia Antiga, em autores gregos. Gostei muito do livro e por isso não irei comenta-lo agora em detalhes porque ele dará origem a vários posts no futuro.
Li também “Sete lições sobre as interpretações do Brasil” de Bernardo Ricupero e fiquei impressionado com o quanto se desperdiça de papel no Brasil e a importância do apadrinhamento. É um livro pueril que não passa de uma singela introdução aos autores, quem tem cultura mediana sobre o Brasil e seus intérpretes pode ignorar o livro. O livro dele sobre Caio Prado Jr é interessante. Uma curiosidade é que o livro “Entre a nação e a barbárie” não está entre os que o autor recomenda para leitura.
Sobre tema similar, mas muito mais consistente, recomendo a leitura de “Linhagens do pensamento político brasileiro” de Gildo Marçal Brandão. Desse livro deriva um programa de pesquisa e quem pretende entender o Brasil e as idéias que se debatem no Brasil deveria lê-lo, especialmente o primeiro capítulo intitulado “Linhagens do pensamento político brasileiro”. Também para quem tem dúvida sobre porque se deve ler e reler os clássicos da política recomenda-se a leitura do capítulo 6 “Teoria política a partir do Sul da América?”. A tese é que qualquer país que queira desenvolver o seu próprio pensamento político deve formular a sua própria interpretação dos clássicos do pensamento político. O capítulo 3 intitulado “O revolucionário da Ordem” é sobre o grande ídolo do professor Alexandre Hage, Oliveiros Ferreira. O texto defende a insólita tese que seria partilhada por Francisco Weffort que Oliveiros Ferreira seria o grande pensador brasileiro efetivamente original pela sua obra “Os 45 cavaleiros húngaros” que utiliza Gramsci de forma não-ortodoxa ou não-marxista, ou ainda para alguns gramscianos, de forma não gramsciana.
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