"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 30 de setembro de 2007

Artigo de Giulio Andreotti

“Onde Cristo é romano”

Giulio Andreotti

Recordo a afluência de … estranhos quando veio o cardeal Eugenio Pacelli fazer o panegírico da festa de São Jerônimo Emiliani. Alguns anos depois fui à Sala Borromini em um domingo pela manhã para ouvir o mesmo Secretário de Estado que falava sobre: “Roma onde Cristo é romano”. Enunciava conceitos profundos, mas mais do que tudo, criava um clima de diálogo com o auditório

Tinha seis anos quando minha tia Mariannina começou a levar-me consigo, todas as tardes, à função vespertina na nossa paróquia da Praça Caprânica (Santa Maria in Aquiro, junto ao Orfanato dos Padres Somascos, onde estudava meu irmão).

Somente depois da guerra começaram a celebrar as missas vespertinas. Na época recitava-se o rosário, seguido pela bênção eucarística. No mês mariano (maio) havia também o sermão, que se concluía com a sugestão de um pequeno sacrifício a ser oferecido à Nossa Senhora (os “fioretti”).

Os sermões eram feitos com uma técnica muito enfática, quase teatral. O orador que por muitos anos manteve-se no ápice da apreciação era o jesuíta padre Galileo Venturini. Era escriturado com anos de antecipação; e tinha um bom núcleo de admiradores (ou melhor, admiradoras) que o seguiam em todas as suas andanças.

Uma audiência de Pio XII aos seminaristas e aos seus superiores

No ano que veio à nossa paróquia vi que quando descia do púlpito muito suado se enxugava e trocava camisa e camiseta. Embora fosse retórico, era concreto. Suas palavras podiam ser resumidas facilmente, o que não acontecia com os outros. Outros “tenores sacros” teriam do mesmo modo causado maravilhas pelas modulação da voz, mesmo se ao invés do texto tivessem gritado a tábua pitagórica.

As cadeiras eram alugadas por quarenta centavos e ficavam completamente repletas.

Os pregadores que apelavam ao raciocínio faziam muito menos sucesso. Mas a distância de mais de 80 anos ainda recordo dos sábios conselhos do monge beneditino padre Cornelio Cipriani, que como orador era muito entediante.

As igrejas competiam para garantirem um pregador famoso para o panegírico da festa do padroeiro. Recordo a afluência de … estranhos quando veio o cardeal Eugenio Pacelli fazer o panegírico da festa de São Jerônimo Emiliani. Alguns anos depois fui à Sala Borromini em um domingo pela manhã para ouvir o mesmo Secretário de Estado que falava sobre: “Roma onde Cristo é romano”. Enunciava conceitos profundos, mas mais do que tudo, criava um clima de diálogo com o auditório.

Como Papa, dedicou, nas audiências, uma atenção especial aos casais, aos quais era também reservado um lugar particular.

Um dia o presidente italiano Saragat expressou críticas a essas audiências matrimoniais. Disse que ele também poderia introduzi-las em seu governo. Como de resto, o presidente Pertini fez com os jovens.

De modo geral, dado que Roma é considerada (e é) eterna, deve-se perguntar o que mudou desde então. Limito-me a registrar que as procissões eram momentos sugestivos. Tanto a que se fazia por toda a cidade em Corpus Christi, como as “paroquiais” para levar solenemente a Eucaristia aos enfermos.

Pelo multiplicar-se das paróquias, não há mais atividades do Colégio dos Párocos (que em outubro todas as quintas-feiras faziam juntos uma excursão aos Castelli Romani) mas há o agrupamento por setores citadinos.

Há também esquecimento do silencioso braço-de-ferro do clero secular para ter um número de paróquias não inferior ao dos “religiosos”. Todavia o número de seminaristas romanos não é, como em outras dioceses, irrelevante.

Nos estudos internacionais sobre o turismo o maior afluxo no sentido absoluto é reconhecido em Roma. É oportuno citar Dante com “Aquela Roma onde Cristo é romano”.

Seria uma falta não sublinhar também uma outra contribuição cristã ao prestígio de Roma. Refiro-me aos ateneus religiosos, que são todos de grande importância. Desde os históricos (Gregoriana, Angelicum, Propaganda Fide, Alfonsiana) ao moderníssimo dos Legionários de Cristo.

Também, todos os alunos destas universidades religiosas – de onde provém grande parte dos bispos – aprendem a língua italiana. Durante a guerra os nossos prisioneiros concentrados nos cantos mais longínquos do mundo tiveram o conforto da visita de um ex-seminarista romano que em italiano exprimia-lhes solidariedade e afeto.

Não quero fazer comparações, mas certamente Atenas não tem títulos históricos inferiores aos de Roma; o “a mais” de Roma é ligado justamente ao cristianismo.

Todavia foi bizarra a afirmação de Mussolini quando disse que “se o cristianismo não tivesse se sediado em Roma, teria sido uma das muitas seitas como os Essênios”.

E pensar que os fiéis do Duce sustentavam que ele tinha sempre razão.

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