"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


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domingo, 1 de agosto de 2010

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA Nacionalismo, liberalismo e capitalismo

São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2010


LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA
Nacionalismo, liberalismo e capitalismo

Quando Arábia Saudita e Egito se subordinam aos países ricos, é porque seu avanço econômico é lento

"THE ECONOMIST" (17 de julho) publicou editorial sobre o Egito e a Arábia Saudita (dois países ditatoriais aliados aos EUA no Oriente Médio) manifestando a esperança que se democratizem no futuro.
O surpreendente, entretanto, é que no mesmo número a revista faça resenha simpática de livro de Stephen Kinzer, ex-jornalista do "New York Times", que, depois de fazer a análise das revoluções nacionalistas e capitalistas em curso nesses países desde os anos 1920, defende a aliança dos Estados Unidos com a Turquia e o Irã.
Talvez essa atitude da grande revista liberal seja um sinal dos tempos. Reflita a desmoralização da ideologia "globalista" que caracterizou os 30 Anos Neoliberais do Capitalismo (1979-2008) -uma ideologia que condenava o nacionalismo dos países em desenvolvimento enquanto os países ricos praticavam sem hesitação seu próprio nacionalismo.
Historicamente, liberalismo e nacionalismo econômico sempre estiveram às turras, mas são ideologias complementares. Foi através do nacionalismo que os Estados-nação se formaram, e foi através desse processo que suas fronteiras foram ampliadas e que mercados internos amplos e seguros se constituíram viabilizando a industrialização.
Em outras palavras, foi através da combinação de nacionalismo e liberalismo que Estados-nação como a Grã-Bretanha, a França e os Estados Unidos realizaram suas revoluções capitalistas.
Só foi possível ao globalismo criticar o nacionalismo econômico (esquecendo quão diferente é do horrível nacionalismo étnico) porque o nacionalismo dos países ricos não estava ameaçado: ninguém nesses países duvida que o papel do seu governo é defender o trabalho, o conhecimento e o capital nacionais.
Sem dúvida, seria melhor um mundo sem nacionalismos, mas esse seria um mundo encantado. Na realidade, a sociedade mundial está hoje organizada em famílias, organizações e Estados-nação.
Espera-se que cada indivíduo, primeiro, se solidarize com sua família, com as organizações das quais participa, e com seu país, para, depois, buscar interesses comuns e defender a cooperação entre todos. O globalismo ensina (e as elites dependentes acreditam) que os países ricos estão prontos a cooperar; não percebem que o que realmente os move são seus interesses nacionais.
Quando países como a Arábia Saudita e o Egito se tornam subordinados aos países ricos, isso significa que suas elites estão alienadas, que seu desenvolvimento econômico é lento, que a corrupção é elevada, e que a desigualdade econômica só aumenta.
Quando países como o Irã usam da religião para fortalecer seu nacionalismo, estão adotando uma velha prática para alcançar coesão nacional e completar sua revolução capitalista -uma condição essencial para que transitem para democracias consolidadas.
Enquanto os países ricos não compreenderem que esse nacionalismo religioso não é contra eles, enquanto seus porta-vozes continuarem a criticar o governo autoritário do Irã, enquanto apoiam ditaduras que não oferecem nenhuma perspectiva a seu povo, como a Arábia Saudita e o Egito, eles estarão trocando interesses de curto prazo de algumas de suas empresas pelo seu próprio interesse nacional.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0108201010.htm

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