"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sábado, 30 de maio de 2009

Uma tradição de tortura por Noam Chomsky

Uma tradição de tortura por Noam Chomsky

Os memorandos de tortura liberados semana passada pela Casa Branca provocaram choque, indignação e surpresa. O choque e a indignação são compreensíveis — em especial o Relatório do Comitê de Serviço das Forças Armadas do Senado sobre Tratamento de Presos, que recém deixou de ser secreto.

No verão de 2002, como o relatório revela, interrogadores em Guantânamo encontravam-se sob pressão crescente a partir da cadeia de comando para estabelecer uma ligação entre o Iraque e a Al-Qaeda. O afogamento simulado, entre outras formas de tortura, finalmente produziram a “prova” de um preso que foi utilizada para ajudar a justificar a invasão Bush-Cheney do Iraque no ano seguinte.

Mas por que a surpresa quanto aos memorandos de tortura? Mesmo sem inquérito, era razoável supor que Guantânamo fosse uma câmara de tortura. Por que mais enviar prisioneiros onde eles estariam além do alcance da lei – casualmente, um lugar que Washington está utilizando em violação de um tratado que foi forçado sobre Cuba sob a mira de uma arma? O raciocínio de segurança é difícil de ser levado a sério.

Uma razão mais ampla para porque deveria haver pouca surpresa é que a tortura é uma prática rotineira desde o princípio da conquista do território nacional até agora, enquanto as empreitadas imperiais do “império nascente” – como George Washington chamava a nova República – estendiam-se para as Filipinas, Haiti e outros lugares.

Além disto, a tortura foi o menor de muitos crimes de agressão, terror, subversão e estrangulação econômica que obscureceram a história dos Estados Unidos, tanto quanto fizeram por outras grandes potências. As revelações atuais sobre tortura mais uma vez destacam o conflito entre “o que defendemos” e “o que fazemos”.

A reação foi veemente, mas de forma que levanta algumas questões. Por exemplo, o colunista do New York Times, Paul Krugman, um dos críticos mais eloquentes e francos da malevolência de Bush, escreve que costumávamos ser “uma nação de ideais morais”, e que nunca antes de Bush “nossos líderes traíram tão completamente tudo que defendemos”.

Para dizer o mínimo, aquele ponto de vista comum é uma versão particularmente distorcida da história. É um artigo de fé, quase uma parte da crença nacional, que os Estados Unidos são, de maneira justa, diferente de outras grandes potências, do passado e do presente – o conceito do que é chamado de “excepcionalidade americana”.

Uma correção parcial pode ser a história recém-publicada do jornalista britânico Godfrey Hodgson, The Myth of American Exceptionalism (O mito da excepcionalidade americana). Hodgson conclui que os Estados Unidos são “apenas um país grande, mas imperfeito, entre outros”.

O colunista do International Herald Tribune Roger Cohen, analisando o livro no The New York Times, concorda que a prova dá apoio ao julgamento de Hodgson, mas discorda dele em um ponto fundamental: Hodgson falha em entender que “a América nasceu como uma ideia e então deve carregar esta ideia adiante”.

A ideia é revelada pelo nascimento da América como uma “cidade em uma colina”, escreve Cohen, “uma noção inspiradora” que reside “no fundo da psique americana”.

Em resumo, o erro de Hodgson é que ele está limitando-se às “distorções da ideia americana nas décadas recentes”. Vamos nos voltar então para a “ideia” de América.

A frase inspiradora “cidade em uma colina” foi cunhada por John Winthrop em 1630, tomando-a emprestada do Novo Testamento e delineando o futuro glorioso de uma nova nação “reunida por Deus”.

Um ano antes, a Colônia da Baía de Massachusetts estabeleceu o seu Grande Selo. Ele retrata um índio com um pergaminho saindo de sua boca. Nele estão as palavras, “Venham e nos ajudem”.Os colonos britânicos eram, assim, humanistas benevolentes, respondendo aos apelos dos pobres nativos para serem resgatados do seu amargo destino pagão.

Esta proclamação primitiva de “intervenção humanitária”, para utilizar o termo popular atual, saiu-se muito parecida com suas sucessoras, carregando horrores no seu caminho.

Às vezes, há inovações. Durante os últimos 60 anos, vítimas no mundo todo suportam o que o historiador Alfred McCoy descreve como a “revolução na cruel ciência da dor” da CIA, no seu livro de 2006, chamado A Question of Torture: CIA Interrogation, from the Cold War to the War on Terror (Uma questão de tortura: os interrogatórios da CIA, da Guerra Fria até a Guerra ao Terror).

Com frequência, a tarefa da tortura é delegada a auxiliares. Mas o afogamento simulado é um dos métodos de décadas de idade que aparecem com poucas alterações em Guantânamo.

A cumplicidade com a tortura aparece com frequência na política externa dos Estados Unidos. Em um estudo de 1980, o cientista político Lars Schoultz descobriu que o auxílio dos Estados Unidos “tende a fluir desproporcionalmente para governos latino-americanos que torturam seus cidadãos, … para os violadores relativamente rudes dos direitos humanos fundamentais no hemisfério”.

O estudo de Schoultz e outros atingindo conclusões parecidas antecedem os anos de Reagan, quando não valia a pena estudar o tópico, pois as correlações estavam muito explícitas. E que a tendência continua até o presente, sem modificações significativas.

Não é pra menos que o presidente nos aconselha a olhar para frente, não para trás – uma doutrina conveniente para aqueles que seguram os cassetetes. Aqueles que apanham deles tendem a ver o mundo de forma diferente, para nosso aborrecimento.

Entre impérios, a “excepcionalidade” é provavelmente quase universal. A França aclamava sua “missão civilizadora”, enquanto o Ministro da Guerra francês pregava o “extermínio da população nativa” da Argélia.

A nobreza da Grã-Bretanha era uma “novidade no mundo”, declarou John Stuart Mill, enquanto recomendava que este poder angelical não se prolongasse mais em completar sua liberação da Índia. O ensaio clássico de Mill, A Few Words about Non-Intervention (Algumas palavras sobre não intervenção), foi escrito após a revelação pública das atrocidades horripilantes da Grã-Bretanha para conter a rebelião de 1857.

Estas ideias “excepcionalistas” não são apenas convenientes para poder e privilégios, mas são também perniciosas. Uma razão é que elas apagam crimes reais em andamento. O massacre de MY Lai durante a Guerra do Vietnã foi apenas uma nota de rodapé para as atrocidades muito maiores dos programas de pacificação pós-Tet. A invasão Watergate que derrubou um presidente dos Estados Unidos foi, sem dúvida, criminosa, mas o furor sobre ela desalojou crimes incomparavelmente piores em casa e no exterior – o bombardeio do Camboja, para mencionar apenas um exemplo terrível. Com bastante frequência, atrocidades seletivas têm esta função.

A amnésia histórica é um fenômeno muito perigoso, não apenas porque questiona a integridade moral e intelectual, mas também porque cria a base para crimes que se aproximam.

Noam Chomsky é professor emérito de lingüística e filosofia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts em Cambridge, Massachusetts. Artigo distribuído pelo The New York Times Syndicate.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

O que fazer com a Coréia 4

Uma guerra sem guerra?

Cristina Pecequilo

ESPECIALISTA EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Do Iraque ao Afeganistão, de Guantánamo a Wall Street, Obama enfrenta uma agenda pesada de desafios, alternando o cumprimento de promessas de campanha com retrocessos. Além das dificuldades em administrar a crise, ele debate com vozes dissonantes do Partido Democrata, e representantes do legado anterior, como Dick Cheney, questionam a agenda, classificando-a como apaziguadora de terroristas e Estados bandidos.

Dentre estes Estados, Irã e Coreia do Norte surgem como preocupação, com foco na proliferação nuclear e na repetida postura desafiadora de seus líderes Ahmedinejad e Kim Jong-Il aos EUA, à ONU e ao restante do mundo. Teria Cheney razão como provariam as críticas do Irã a Israel? E os últimos testes nucleares da Coreia do Norte e a declaração de que o país não mais se sente obrigado a respeitar o armistício com a Coreia do Sul? Estamos perto de outra guerra regional?

Mais do que um conflito militar, as ações da Coreia e do Irã buscam a reafirmação de seus governos, autoritário no caso norte-coreano e diante de uma eleição presidencial no Irã, que externalizam dilemas de baixo desenvolvimento e descontentamento social. O poder nuclear é usado como uma expressão de força em tempos de fraqueza, elevando o poder de barganha.

As opções de Obama são restritas, e a tendência é que se observe o padrão que acompanha o dilema nuclear de Pyongyang desde a década de 90: agressão norte-coreana, negociações via Conselho de Segurança, concessões econômicas pelos EUA em troca de bom comportamento e regionalização das pressões pelas Conversações de Seis Partes (EUA, Rússia, Japão, China, Coreia do Norte e do Sul).

Instituída pela administração Bush filho que hoje critica a postura branda de Obama, ainda que a secretaria de Estado Clinton tenha alertado a Coreia para as "consequências" de suas ações, as Conversações das Seis Partes indicam a volatilidade asiática, mas ao mesmo tempo a impossibilidade da guerra real pela presença do elemento nuclear e a proximidade das fronteiras. Ou seja, Cheney não tem razão e, no extremo, está, como Bush, na raiz da tolerância diplomática com Kim.

Estamos diante de uma guerra sem guerra: uma dinâmica de reposicionamentos estratégicos globais e regionais, nos quais a confrontação por meio da proliferação assume um papel tático de chantagem para a sustentação destes Estados, elevando o risco de rupturas, escaladas e renovadas corridas armamentistas.

http://jbonline.terra.com.br/leiajb/noticias/2009/05/28/temadodia/uma_guerra_sem_guerra.asp

quarta-feira, 27 de maio de 2009

O que fazer com a Coréia 3

1. A primeira coisa a esclarecer é que a questão nuclear norte-coreana não decorre de um suposto risco da Coréia realizar um ataque nuclear. Está suficientemente consolidada na literatura de relações internacionais a idéia que um país não realiza ataque nuclear na medida em que terá uma resposta também nuclear de igual intensidade. No caso da Coréia do Norte caso realizasse um ataque nuclear receberia uma resposta também nuclear ao qual não teria a menor condição de responder. Em termos nucleares, a Coréia do Norte só tem poder, enquanto não usar as armas nucleares, ao utilizá-las ela seria derrotada. A Coréia do Norte tem muito mais vantagens num ataque militar terrestre à Coréia do Sul do que numa guerra nuclear. Então, a questão central na discussão sobre o caso norte-coreano não deve ser um “virtual” ataque nuclear.

2. A segunda questão é qual o objetivo norte-coreano. Qualquer governo autoritário, que apenas se mantém no poder pela força, precisa se mostrar forte para a população e mais importante precisa de inimigos e de demonstrar capacidade de enfrentar o inimigo. Então o desenvolvimento nuclear norte-coreano permite intimidar a população, mostrar a força e a potência do governo e unir uma população miserável em torno de um objetivo comum, a defesa do Estado. A população está se sacrificando por algo muito importante, a segurança do país, e este sacrifício está valendo a pena. Este é um aspecto. Outro aspecto, o Estado norte-coreano é um Estado militarizado. O Exército norte-coreano possui mais 1 milhão de soldados numa população em torno de 24 milhões de habitantes. Apenas a título de comparação no Brasil, com uma população infinitamente maior, o exército não tenha mais de 300 mil homens. A Coréia do Sul com o dobro da população norte-coreana possui um exército menor. Ou seja, o peso dos militares na Coréia do Norte é enorme, portanto, o apoio deles ao governo é indispensável. A militarização, a mobilização para guerra passam a ser questões políticas internas necessárias para a estabilidade interna. Dependente do exército, o governo norte-coreano tem pouco espaço para desmobilizar a sociedade e realizar negociações internacionais. Ou seja, se para o governo, o desenvolvimento nuclear pode ser apenas instrumento para chantagear a comunidade internacional, para os militares é assunto sério. Não pode ser simplesmente descartado em troca de pequenos favores econômicos.

3. A situação norte-coreana mostra também os limites das instituições internacionais na questão nuclear. É ingenuidade crer que não haverá proliferação nuclear em virtude um tratado internacional. E na medida em que um país desobedece o tratado, os problemas se avolumam e a desmoralização das instituições passam a ocorrer de forma sistemática. Na medida em que um país se recusa a participar do regime de não-proliferação o que se pode fazer? Inclusive porque o regime de não-proliferação contesta um princípio basilar das relações internacionais, a igualdade entre os Estados.

4. Outro aspecto da questão é, como reagir? Primeiro, os EUA. NO curto prazo, qualquer reação dos EUA será considerada inofensiva. O que os EUA podem fazer que tenha eficácia na contenção da Coréia do Norte? Os EUA poderiam imitar o ataque preventivo de Israel ao Irã na década de 80, bombardear as bases nucleares coreanas. Mas os EUA tem condições de fazer isso? Não, primeiro porque já está em duas guerras. Segundo, porque são várias bases, o ataque seria de grandes proporções, não seria um ataque cirúrgico, localizado. Terceiro, ao contrário do Irã que naquele momento estava fraco, a Coréia do Norte tem uma grande capacidade de retaliação. Uma vez atacada, a Coréia do Norte responderia bombardeando Seul, e mesmo o Japão. Então os EUA, de fato, não podem fazer nada, exceto buscar isolar ainda mais a Coréia do Norte, o que é contra-produtivo, apenas estimula ainda mais o sentimento nacional norte-coreano. Diante desta situação de impotência norte-americana, a reação da Coréia do Sul e do Japão será uma maior militarização desses países. De fato, o desenvolvimento nuclear da Coréia do Norte deve gerar como reação um novo surto de corrida armamentista no setor nuclear. Coréia do Sul e Japão irão pleitear alcançar o status de potência nuclear, e os EUA não terão condições de negar na medida em que não é capaz de conter eficazmente a Coréia do Norte.

5. No Iraque, os EUA tentaram assassinar várias vezes Sadam Hussein, o mesmo fez em Cuba com Fidel Castro. Até o momento a CIA não se mostrou eficaz das principais lideranças, consegue matar os assessores, os escalões inferiores, mas não as cúpulas. Num país fechado e vigiado como a Coréia do Norte, a capacidade de CIA agir é menor ainda. Muito difícil colocar espiões num país onde estrangeiros não circulam, com população etnicamente homogênea  e em pânico, ou seja, o espião teria que ser um nacional, mas cooptação não seria fácil. Evidência disso é que a CIA não previu a ameaça coreana ao contrário do Iraque, onde era fácil realizar a infiltração (mas neste caso foi vencida pelos desvios ideológicos e pela ignorância).

6. Sendo assim, a perspectiva de mudança na Coréia do Norte é interna. A única possibilidade é a desagregação da Coréia do Norte com a morte de Kim Jong-il. O presidente está doente e está cuidando da sua sucessão, quer transmitir o poder para um dos seus filhos. Pelo que saiu na imprensa, o filho escolhido teria 25 anos e seria considerado muito novo para os padrões coreanos, não seria aceito. Então teria inicialmente um tio assumiria o poder como tutor até que o sobrinho pudesse assumir. Se estes fatos se confirmarem estará abertas as portas para mudanças na Coréia do Norte, porque nada mais propenso para gerar transformações do que disputas sucessórias ainda mais quando há tutor. Aumenta a possibilidade conflitos, briga-se para ser o tutor, briga-se para destituir o tutor, para ser o herdeiro, para o herdeiro assumir logo. Então a esperança mundial recai novamente na esperança da morte do presidente norte-coreano. Da primeira vez não deu certo, o filho foi pior que o pai.

Instalações militares da Coréia do Norte

Na página do El País encontra-se uma ótima animação para ilustrar o poder militar e nuclear norte-coreano, enfatizando o alcance dos mísseis norte-coreanos e a localização das bases nucleares.

 

http://www.elpais.com/graficos/internacional/Misiles/instalaciones/nucleares/Corea/Norte/elpepuint/20061009elpepuint_1/Ges/

O que fazer com a Coréia 2

Obama must respond, but options are limited

The time for keeping North Korea out of the nuclear-weapons club has now passed

Faced with a nuclear challenge from the defiant regime in North Korea, President Barack Obama has few options and no good ones as he grapples with the fallout of 15 years of failed U.S. policy.

“We will extend a hand if you are willing to unclench your fist,” the new President said soon after taking office, dumping the bellicose rhetoric favoured by his predecessor, George W. Bush, who famously branded North Korea – along with Iran and Iraq – as the “axis of evil.”

North Korea, the world's last Stalinist state led by the unpredictable Kim Jong-il, has responded to that overture by twice pulling the trigger, the latest a Hiroshima-sized thermonuclear blast on Monday. The deep, underground explosion sent a massive shock wave that rattled Mr. Obama's softer approach and will test whether the President can wield a mailed fist inside that velvet glove.

“Leadership is what you need when all the options are bad,” said John Pike, director of globalsecurity.org and an expert on North Korea and nuclear proliferation. “If there was a good choice, there would be no need of leadership.”

Whether or not the military option – a massive, pre-emptive U.S. strike with warplanes and bunker-busting bombs to defang North Korea's nuclear program – was ever a viable option remains open to debate. However, in the wake of multiple missile launches and a massive blast, the time for keeping North Korea out of the nuclear-weapons club has now passed.

The option of doing nothing and hoping North Korea will cease provocation – or perhaps that a murky succession struggle will play itself out – has also vanished, not least because Iran will be watching closely to see whether Washington kowtows to Pyongyang. Mr. Obama is both committed to engagement with America's enemies, and calls the latest challenge from North Korea a “blatant violation of international law.” He has to do something.

For nearly two decades, successive presidents, first Bill Clinton, then George W. Bush and now Barack Obama, have tried threats and promises, and various flavours of diplomacy. Two decades of North Korean duplicity has resulted in the international community looking foolish, Beijing being deeply embarrassed by its wayward client, Washington looking weak and one of the world's least-understood and most dangerous states getting a small arsenal of nuclear weapons. With Seoul barely a cannon shot away, Tokyo less than two hours distant in a jet and missiles capable of striking much of East Asia, North Korea poses a potential nuclear nightmare.

Marshalling a meaningful and unified international response – likely in the form of a new United Nations Security Council resolution – may seem minimal but it would also represent a significant achievement for Mr. Obama.

Both Beijing and Moscow balked at tougher sanctions or even a new resolution after last month's missile test, preferring instead a strongly worded “statement.”

Sheila Smith, an Asian expert at the Council on Foreign Relations, said that statement “was foundational in the sense that it created the case for collective sanctioning action should Pyongyang move to conduct a second nuclear test, which it now has.”

The latest blatant North Korean defiance “puts the Obama administration in a better place” in dealing with the Security Council, she said. China may have finally run out of patience with Pyongyang, which might create conditions for a united front, including China, Russia, South Korea, Japan and the United States, rather than a brave front hiding a deeply divided group.

Charting a diplomatic course that other key players, especially Beijing, can accept while at the same time satisfying critics at home and impressing Tehran that he is no pushover poses a challenge.

“If he tries to be too tough and then cannot deliver, he may wind up looking weak,” said Kyung-Ae Park, a Korean expert at the University of British Columbia.

http://www.theglobeandmail.com/news/world/obama-must-respond-but-options-limited/article1154475/

O que fazer com a Coréia 1

Respuesta inteligente

PABLO BUSTELO 27/05/2009

Pese a las alarmas que han encendido, las pruebas nucleares y de misiles realizadas por Corea del Norte no son una sorpresa. Suponen la culminación de la creciente beligerancia desplegada por el país asiático desde hace meses.

Para Pyongyang, el objetivo expreso de su segunda prueba nuclear es, como ya dijo en 2006, fortalecer su capacidad de disuasión para la autodefensa, pero la tesis no se sostiene. De hecho, le sobran medios de disuasión con su Ejército (más de un millón de soldados, el cuarto mayor del mundo), sus misiles (que pueden llegar a Tokio) y su artillería (que puede bombardear Seúl). En realidad obedece a causas bien distintas: protestar por las sanciones impuestas en abril, llamar la atención de la Administración Obama, ocupada en asuntos más serios (como Afganistán, Pakistán o Irán), mantener vivo el chantaje nuclear de los últimos años y consolidar la posición política de Kim Jong-il y de su familia dentro de Corea del Norte.

La prueba nuclear no es grave por sus implicaciones militares inmediatas, puesto que los norcoreanos no saben miniaturizar cabezas nucleares para colocarlas en misiles (aunque, a este ritmo, quizá lo acaben consiguiendo). Pero supone una violación directa de la resolución 1.718 de Naciones Unidas, aprobada en 2006, y, sobre todo, es un paso más en la nuclearización del país. Tal cosa aumenta los peligros de eventuales accidentes en instalaciones vetustas y, sobre todo, los riesgos de proliferación activa, esto es, de transferencia de bombas, material o conocimientos nucleares a otros Estados y, lo que es más preocupante, a grupos terroristas. Además, da argumentos a quienes, en Tokio o Seúl, reclaman que Japón o Corea del Sur se doten también de armamento nuclear, lo que podría provocar así una proliferación pasiva.

Con todo, la respuesta de la comunidad internacional debe ser inteligente, porque de nada sirve imponer sanciones muy estrictas que aíslen aún más al régimen y le impulsen a seguir probando armas nucleares y misiles. Además hay que salvaguardar el proceso de conversaciones a seis bandas, haciendo que Pyongyang vuelva a sentarse a la mesa. Junto con las sanciones, debe pues haber nuevas iniciativas diplomáticas para conseguir la desnuclearización. Ésta, al contrario de lo que afirman algunos analistas, no es imposible. Pyongyang, hay que insistir en ello, no necesita armas nucleares para evitar un ataque o una invasión de EE UU. Y la desnuclearización es necesaria para evitar que se alteren los delicados equilibrios estratégicos de una región, la de Asia nororiental, que representa, entre otras cosas, la sexta parte de una economía mundial en plena crisis y a la que estos sobresaltos no sientan nada bien.

Así, Washington debería intentar resolver de una vez este asunto, que se arrastra desde 2002. Y, desde luego, no debería infravalorarlo. Por ejemplo, ha recibido críticas que el embajador especial para Corea del Norte, Stephen W. Bosworth, lo sea a tiempo parcial (sigue siendo decano de la Fletcher School, de la universidad Tufts).

Neoliberalismo não fez melhor nem resolveu os problemas que anunciou

Anatomía del thatcherismo

by Robert Skidelsky

Londres – Este mes se cumplen treinta años de que Margaret Thatcher llegó al poder.  Si bien las condiciones locales precipitaron la revolución de Thatcher (o de manera más amplia, de Thatcher-Reagan), ésta se convirtió en una etiqueta instantáneamente reconocida a nivel mundial para una serie de ideas que dieron origen a políticas orientadas a liberar a los mercados de la interferencia gubernamental. Tres décadas después, el mundo está en recesión y muchos atribuyen la crisis global a esas ideas.

En efecto, incluso fuera de la izquierda política, se considera que el modelo angloestadounidense de capitalismo ha fracasado. Se le culpa de la debacle económica casi total. Pero una visión retrospectiva a treinta años nos permite juzgar qué elementos de la revolución de Thatcher deben conservarse y cuáles deben modificarse a la luz de la actual desaceleración económica mundial.

Resulta obvio que lo que más necesita modificarse es la noción de que los mercados con un mínimo de injerencia y regulación son más estables y más dinámicos que los que están sujetos a la intervención del gobierno. Dicho de otro modo, la premisa del thatcherismo era que el fracaso del gobierno es una amenaza mucho mayor a la prosperidad que el fracaso del mercado.

Esto siempre fue una mala interpretación de la historia. Los anales muestran que en el período 1950-1973, cuando la intervención del gobierno en las economías de mercado alcanzó su punto más alto en épocas de paz, se registró un éxito económico único, sin recesiones globales y con tasas de crecimiento del PIB –y del PIB per cápita—más rápidas que en ningún período comparable, anterior o posterior.

Se puede argumentar que el desempeño económico habría sido aun mejor con menos intervención del gobierno. Pero los mercados perfectos no son más reales que los gobiernos perfectos. Todo lo que tenemos son comparaciones entre lo que sucedió en distintos momentos. Lo que estas comparaciones muestran es que los mercados con gobierno se han desempeñado mejor que los mercados sin gobierno.

No obstante, para la década de los setenta, la economía política previa al thatcherismo estaba en crisis. El síntoma más notorio de ello fue el surgimiento de la “estanflación” – un aumento simultáneo de la inflación y el desempleo. Algo había salido mal en el sistema de administración económica que había legado John Maynard Keynes.

Adicionalmente, el gasto del gobierno estaba creciendo, los sindicatos se estaban volviendo más combativos, las políticas para controlar los pagos no funcionaban y las expectativas de dividendos estaban disminuyendo. Muchos consideraban que el gobierno había abarcado más de lo que podía controlar, y que era necesario, o bien reforzar su control, o bien reducir su alcance. El thatcherismo surgió como la alternativa más aceptable al socialismo de Estado.

Nigel Lawson fue el segundo ministro de finanzas de Thatcher. De los esfuerzos antiinflacionarios del gobierno nación la “doctrina Lawson”, que se enunció por primera vez en 1984 y desde entonces recibió amplia aceptación entre los gobiernos y los bancos centrales. Lawson dijo que “La conquista de la inflación debe ser el objetivo de la política macroeconómica. Y la creación de condiciones conducentes al crecimiento y el empleo debe ser el objetivo de la política microeconómica.”

Esta propuesta derrocó la ortodoxia keynesiana previa de que la política macroeconómica debía tener como objetivo el pleno empleo y el control de la inflación debía dejarse a las políticas salariales. No obstante, a pesar de todas las reformas “del lado de la oferta” que introdujeron los gobiernos del thatcherismo, el desempleo ha sido mucho mayor desde los años ochenta que en los cincuenta o sesenta –7.4% en promedio en el Reino Unido, en comparación con 1.6% en las décadas anteriores.

¿Y los objetivos de inflación? También en este punto el historial desde 1980 ha sido desigual, a pesar de la enorme presión deflacionaria que ha ejercido la competencia de salarios bajos de Asia. La inflación en los períodos 1950-1973 y 1980-2007 fue más o menos la misma –apenas superior al 3%– mientras que la fijación de objetivos de inflación no ha logrado evitar una sucesión de burbujas de valores que han generado recesiones.

La política del thatcherismo tampoco ha tenido éxito en uno de sus principales objetivos –reducir la proporción del gasto de gobierno en el ingreso nacional. Lo más que puede decirse es que detuvo su aumento durante un tiempo. Ahora el gasto público está creciendo nuevamente y los récords de déficit en tiempos de paz del 10% o más, se alargan durante años.

Al desregular los mercados financieros en todo el mundo, la revolución Thatcher-Reagan ocasionó la corrupción del dinero, sin mejorar el crecimiento de la riqueza anterior –salvo para los muy ricos. El ciudadano promedio del mundo habría sido 20% más rico si el PIB per cápita mundial hubiera crecido al mismo ritmo entre 1980 y 2007 que entre 1950 y 1973—y eso a pesar de las elevadas tasas de crecimiento de China en los últimos 20 años. Además, al desatar el poder del dinero, el thatcherismo, pese a todas sus prédicas sobre la moralidad, contribuyó a la decadencia moral de Occidente.

En contraste con estos formidables defectos, hay tres virtudes. La primera es la privatización. Al poner nuevamente la mayoría de las industrias propiedad del Estado en manos privadas, la revolución de Thatcher eliminó el socialismo de Estado. La mayor influencia del programa de privatización británico se dio en los países ex comunistas, que extrajeron las ideas y técnicas necesarias para desmantelar las economías planificadas tan ineficientes. Este avance debe conservarse ante el clamor actual para “nacionalizar” los bancos.

El segundo éxito de Thatcher fue debilitar a los sindicatos. Para la década de los setenta, los sindicatos, establecidos para proteger a los débiles frente a los fuertes, se habían convertido en enemigos del progreso económico, una gran fuerza de conservadurismo social. Fue acertado alentar una nueva economía que creciera por fuera de estas estructuras anquilosadas.

Por último, el thatcherismo acabó con la política de fijar precios y salarios por imposición central o mediante “arreglos” tripartitas entre los gobiernos, los empleadores y los sindicatos. Estos eran los métodos del fascismo y el comunismo y habrían terminado por destruir no sólo la libertad económica sino también la política.

Los péndulos políticos a menudo oscilan demasiado. Al reconstruir la destrozada economía post-thatcheriana debemos tener cuidado de no resucitar las políticas fallidas del pasado. Me sigue pareciendo útil la distinción que hacía Keynes entre la agenda y la no agenda de la política. Keynes pensaba que mientras el gobierno central asumiera la responsabilidad de mantener un nivel alto y estable de empleo, el resto de la vida económica podía quedar libre de interferencias oficiales. La principal tarea de hoy es crear una división adecuada de la responsabilidad entre el Estado y el mercado a partir de esta idea.

Robert Skidelsky, miembro de la Cámara de los Lores británica, es profesor emérito de economía política en la Universidad de Warwick, autor de una biografía del economista John Maynard Keynes que ha sido premiada y miembro de la junta directiva de la Escuela de Estudios Políticos de Moscú.

http://www.project-syndicate.org/commentary/skidelsky17/Spanish

Chávez pide ayuda a Lula ante la crisis

Chávez pide ayuda a Lula ante la crisis

El presidente brasileño ve con buenos ojos el apoyo económico al líder venezolano a cambio de que éste mejore sus relaciones con Estados Unidos

JUAN ARIAS - Río de Janeiro - 26/05/2009

El de ayer fue un largo día de encuentros y diálogos entre el presidente de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, y su homólogo venezolano, Hugo Chávez, que se reunieron en Salvador de Bahía. El encuentro forma parte de las entrevistas que ambos presidentes mantienen trimestralmente desde 2007. Chávez tenía esta vez prisa por encontrarse con Lula y llegó a Bahía cuatro horas antes que su colega. Venía con el propósito concreto de pedir a Brasil ayuda financiera, a través del Banco Nacional de Desarrollo Económico y Social (BNDES), tras haber confesado que las ganancias del petróleo, a causa de la caída del precio del crudo, disminuyeron la mitad. Se calcula además que este año Venezuela perderá un 2,4% de su producto interior bruto (PIB).

Chávez pretende la ampliación de un crédito a Venezuela para que empresas brasileñas realicen obras de infraestructura en aquel país, hasta llegar a un total que variaría entre 4.000 y 8.000 mil millones de dólares. Algunos proyectos ya fueron analizados por el banco brasileño para acometer la ampliación del metro de Caracas por valor de 730 millones de dólares. Entre las peticiones de Chávez a Lula figura la construcción en Pernambuco de una refinería binacional. El líder venezolano cuenta también con la ayuda de la Caja Económica Federal (CEF) para crear una red bancaria y un sistema de financiación para la construcción de casas populares en Venezuela.

Además, Chávez volvió a recordar a Lula que su país aún no ha conseguido el visto bueno del Congreso brasileño para entrar en Mercosur. La cuestión está varada en el Senado. Varios senadores exigen garantías de que Venezuela vaya a ser fiel a la carta de intenciones del Mercosur, entre cuyos puntos figura la total adhesión a los principios democráticos. Para algunos congresistas, Venezuela está más cerca de una dictadura que de una plena democracia.

Un tercer punto analizado fueron las nuevas relaciones entre Venezuela y Estados Unidos. Lula siempre ha sido visto como un pacificador entre los dos países. George W. Bush había agradecido a Lula en repetidas ocasiones veces la mediación realizada ante Chávez para moderar su fogosidad. Con Obama las cosas han ido a mejor, por lo menos en apariencia.

De ahí que el asesor personal de Lula para asuntos internacionales, Marco Aurelio García, revelara ayer que uno de los puntos a tratar iba a ser "los avances en las relaciones entre Chávez y el presidente Obama". García puso como ejemplo de dichos avances el hecho de que la diplomacia venezolana hubiese enviado para representar a Venezuela en Washington a un diplomático de "de altísimo nivel".

Algunos analistas quisieron ver ayer en las palabras del diplomático, asesor y amigo personal de Lula, un mensaje cifrado a Chávez, que vendría a decir: "Nosotros vamos a ayudaros financieramente para que podáis afrontar mejor la crisis que os acosa, pero veríamos con muy buenos ojos que vuestro Gobierno se acercase con menos prejuicios y agresividades a la Administración de Obama".

Lula protagonizó un episodio al salir del hotel donde estaba alojado que volvió a revolucionar al mundo político. Recibido con gritos de "Lula, presidente, referéndum, tercer mandato", el presidente, que hasta ahora ha negado categóricamente que intente cambiar la Constitución para poder disputar un tercer mandato, sorprendió a los presentes con estas misteriosas palabras: "Tienen que decirle eso a los periodistas". Abordado por los reporteros presentes, Lula se limitó a reír sin querer hacer comentario alguno.

Además, un error técnico hizo que los periodistas pudieran escuchar una conversación privada entre Lula y Chávez. Éste se quejaba de que no prosperaban los acuerdos energéticos entre ambos países. Lula le dijo: "Calma, que si yo consigo que Dilma sea elegida presidenta, las cosas se van a arreglar, porque yo voy a ser el presidente de Petrobras y al actual presidente [Sérgio Gabrielli] será mi asesor".

http://www.elpais.com/articulo/internacional/Chavez/pide/ayuda/Lula/crisis/elpepuint/20090526elpepuint_21/Tes

Do La Vanguardia de Barecelona

Por un bicing más seguro

Por un bicing más seguro

Gonzalo Pastor y Marc Casanovas

Nuevo "static bicing" en las calles de Barcelona

Dos comentários na página do La Vanguardia:

yo no lo veo bien, si no se puede atropellar viejas no tiene gracia. Que va a ser lo proximo? Petardos silenciosos?

Crise mundial alterando a configuração mundial da indústria automobilística que parecia definitiva

China enters race to buy GM's European operations

Beijing Automotive Industry Corp joins Fiat, Ripplewood Holdings and Magna in expressing interest in the owner of Opel

Opel and Fiat

Fiat has the German car maker Opel in its sights. Photograph: Thomas Kienzle/AP

The contest to take control of General Motors's European operations has intensified at the 11th hour after China's Beijing Automotive Industry Corp entered the fray.

BAIC has expressed an interest in acquiring the owner of Opel, according to reports, hours ahead of today's deadline to choose a buyer for the business. However, it is understood that the approach by China's fifth largest carmaker, made one day after the final bidding deadline, has yet to crystallise into a formal offer.

BAIC is competing with Italy's Fiat, private equity firm Ripplewood Holdings and Canadian parts maker Magna, which emerged as the favourite this week following expressions of support from German politicians.

The German government is a key player in the future ownership of GM Europe because it is providing billions of euros in emergency financing to whoever acquires the business, which owns four factories in Germany and employs 50,000 people in Europe. Magna has received the backing of German politicians after pledging to save as many German jobs as possible - a pledge that was later matched by Fiat.

The German economy minister, Karl-Theodor zu Guttenberg, said this week that there was "signalled interest from China" which is believed to focus on importing Opel cars and technology to China, where they would compete with vehicles built by GM, one of China's biggest carmakers despite its problems in the US.

GM has been forced to put its European operations up for sale amid looming bankruptcy proceedings. The group could file for Chapter 11 protection from creditors before the end of the month as a slump in sales overwhelms its lumbering cost base and debt-burdened balance sheet.

Germany's influence over the sale process has stoked doubts in the UK about the future of Vauxhall, Opel's British business. Trade union leaders and MPs warned last night that Vauxhall's 5,000 British workers feared they would lose out to their German counterparts in the deal, after Magna and Fiat made overt promises about jobs in Opel's main European base.

Tony Woodley, the joint general secretary of the Unite union, warned that one or both of GM's two Vauxhall plants in the UK would close if Fiat was selected.

It has also emerged that as recently as the weekend, British ministers did not know whether the three bidders were planning to save or scrap the UK plants at Ellesmere Port and Luton.

Lord Mandelson, the business secretary, has met the three bidders and told them he expected them to commit to the UK. Despite this, the government has not offered the companies any financial backing to keep the plants open and no application has been made by any bidder for loan guarantees under the government's £2.3bn aid package for the motor industry. Any grant is likely to be made only once the German government's plans become clear.

http://www.guardian.co.uk/business/2009/may/27/general-motors-opel-fiat-beijing

Editorial do Jornal paraguaio ABC contra o Brasil

Itamaraty prepara nueva trampa con Samek

En forma aparentemente inesperada, el director general brasileño de Itaipú, ingeniero agrónomo Jorge Samek, se ha mostrado llamativamente “flexible” con la posibilidad de que el Paraguay venda su energía en el mercado brasileño. Así, ha declarado que “ANDE puede vender energía en Brasil… la energía de otras hidroeléctricas (Acaray)”. Al consultársele por qué no la energía paraguaya de Itaipú, afirmó: “Soy favorable a las conversaciones y estamos trabajando en eso… todo es factible”.
Estas declaraciones serían, en realidad, una cuidadosa estrategia de Itamaraty para hacer aparecer como importantes algunas migajas o espejitos que esté preparando.
¿Qué hay detrás de las supuestamente novedosas declaraciones de Samek? El objetivo de esta maniobra podría ser múltiple, aunque su objetivo central sería crear un clima favorable al renunciamiento del Paraguay a todo reclamo, que es lo que el Brasil pretende a cambio de insignificantes migajas.
También, Itamaraty busca sabotear la exportación de electricidad paraguaya a Chile. Nótese que de entrada Samek alienta a que la ANDE pueda vender su energía propia, la de Acaray, al mercado brasileño. Este estímulo ocurre cuando Chile ofrece pagar en torno a unos 120 US$/MWh –el precio de su mercado–, lo que dejaría un beneficio neto de unos 60 US$/MWh –2.000% más que la compensación prevista en el Tratado de Itaipú– o bien unos 60 millones US$/año para una exportación de aproximadamente 1 millón de MWh/año, como es la producción de Acaray.
Ya en el mes de diciembre de 2008 la presidenta Cristina Kirchner autorizó la exportación de energía paraguaya a Chile, pero trabas tan absurdas como las que soporta el tomate paraguayo en Clorinda impiden hasta ahora que la electricidad paraguaya sea exportada a ese país por territorio argentino. Las pérdidas acumuladas suman ya unos US$ 25 millones hasta fin de mayo, tan solo en lucro cesante de la ANDE. De fuentes fidedignas se sabe que Itamaraty interfirió activamente en la negociación paraguayo-chilena-argentina. Ahora lo hace más abiertamente, a través de Samek y del seminario que organiza la Federación de la Industria del Estado de San Pablo (FIESP), al cual asistirán principalísimas figuras políticas brasileñas y solo el director paraguayo de Itaipú, Carlos Mateo Balmelli, por nuestro país.
Además de trabar encubiertamente la exportación de electricidad paraguaya a Chile, ahora Itamaraty, con el auxilio de Samek, busca desviar a la ANDE del verdadero objetivo nacional, que es la soberanía hidroeléctrica para disponer libremente de nuestra energía y vender a los mercados que más nos paguen, e inducirla a que, por urgencias económicas, dependa nuevamente del mercado brasileño, que es a donde con escasísimo provecho para el pueblo paraguayo va en un 100% la energía paraguaya de Itaipú que no consumimos.
Pero hay algo más grave aún. Samek pretende limitar las aspiraciones paraguayas de libre disponibilidad de nuestra energía a cambio de una venta limitada –en condiciones de bajo precio que probablemente se explicitarán en San Pablo hoy– de la energía paraguaya de Itaipú exclusivamente al mercado brasileño, para buscar cerrar allí, definitivamente, todos los reclamos paraguayos. Itamaraty, con el auxilio del director general brasileño de Itaipú, busca hacer una negociación paralela, dejando de lado los seis puntos reclamados por el Paraguay y a la misma Cancillería, la encargada de esta negociación.
Es llamativo el hecho de que, habiendo anunciado el presidente Lula el pasado 7 de mayo (hace más de 2 semanas) que estaba urgido por llegar a un acuerdo el 15 de junio, Itamaraty no haya acordado reunión alguna con nuestra Cancillería ni haya hecho llegar hasta ahora ninguna propuesta oficial. En forma aún más llamativa, ahora la FIESP, con la participación de Samek y del líder en el Senado del Partido de los Trabajadores (PT), Aloysio Mercadante, entre otros altos dirigentes políticos, realiza un “encuentro” para que los industriales de San Pablo compren directamente energía de la ANDE en condiciones ventajosas. Todo, como se puede observar, está fríamente calculado, incluso la publicidad. “¡Qué formidables son estos brasileños!”, podría pensar el incauto que desconoce el trasfondo de la cuestión y la astucia de los funcionarios de Itamaraty.
Lo único que quizás no esté comprendido por Itamaraty es que el Paraguay hoy ya no está para aceptar nuevas trampas con migajas y espejitos de carnada. Esperamos que el presidente Fernando Lugo y los negociadores paraguayos adviertan la maniobra y no se dejen embaucar tan ingenuamente por Samek e Itamaraty.

http://www.abc.com.py/2009-05-27/articulos/525651/itamaraty-prepara-nueva-trampa-con-samek

Receitas que ninguém me pediu

Receitas que ninguém me pediu

ESCRITO POR GABRIEL PERISSÉ

25-MAI-2009

Receita para escrever receitas: sentir-se teoricamente preparado para aconselhar alguém a fazer algo que, na prática, não é certo que dê certo...

Receita para ter pesadelos à noite: ser conivente com o inconveniente, aceitar o inaceitável, tolerar o intolerável.

Receita eficaz para perder peso rapidamente: trabalhar demais, comer pouco e dormir mal...

Receita para enlouquecer a si mesmo e aos outros: racionalizar tudo, marcar horário para tudo, prever tudo, controlar tudo, cobrar todas as promessas, corrigir todos os erros, querer escrever receitas com a única intenção de resolver todos os problemas do mundo.

Receita genial para ser um gênio: ler todos os livros do mundo e esquecer tudo o que se leu.

Receita para falar em público com desenvoltura, despertando o interesse de todos, comunicando-se de modo oportuno e enfático, provocando risos e lágrimas: falar pouco.

Receita para ter dinheiro à vontade: não ter vontade de acumular mais dinheiro do que o necessário para viver uma única vida.

Receita para escapar das seitas que lavam nossos cérebros e roubam nossa liberdade: fundar uma nova seita ainda mais proselitista.

Receita para ser pontual: comprar um relógio e usá-lo, comprar agenda e consultá-la... e não marcar nenhum encontro com pessoas pontuais.

Receita para desesperar-se: ser perfeccionista.

Receita para não adquirir a virtude da humildade: orgulhar-se de ser o mais humilde dentre todos os mortais.

Receita para ser aceito pelos outros: plantar e colher sem se preocupar quando será (e se boa será) a colheita.

Receita para cultivar uma biblioteca com mais de 9 mil livros: comprar um livro por dia ao longo de 25 anos.

Receita para ler mais de 9 mil livros: ler um livro por dia ao longo de 25 anos.

Receita para viver mais de 100 anos: acostumar-se com a idéia de que um século não é grande coisa.

Receita para não desanimar após ter experimentado um fracasso: chorar até o amanhecer, enterrar o cadáver de ontem bem enterrado e escovar os dentes.

Receita imemorial para tornar a memória infalível: esquecer o que é inútil sem se angustiar com a possibilidade de esquecer o que é imprescindível.

Receita infalível para ser feliz: não acreditar em receitas infalíveis, e seguir as receitas falíveis com um sorriso nos lábios.

Receita para educar os filhos: jogar todas as receitas pela janela.

Receita para ser conciso: ponto final.

Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor.

http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3323/53/

“O objetivo é viver melhor; a economia é apenas um meio.”

O debate sobre o PIB: "estamos fazendo a conta errada"
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ESCRITO POR LADISLAU DOWBOR

12-MAI-2009

"Crescer por crescer, é a filosofia da célula cancerosa" - Banner colocado por estudantes, na entrada de uma conferência sobre economia.

PIB, como todos devem saber, é o produto interno bruto. Para o comum dos mortais que não faz contas macroeconômicas, trata-se da diferença entre aparecerem novas oportunidades de emprego (PIB em alta) ou ameaças de desemprego (PIB em baixa). Para o governo, é a diferença entre ganhar uma eleição e perdê-la. Para os jornalistas, é uma ótima oportunidade para darem a impressão de entenderem do que se trata. Para os que se preocupam com a destruição do meio-ambiente, é uma causa de desespero. Para o economista que assina o presente artigo, é uma oportunidade para desancar o que é uma contabilidade clamorosamente deformada.

Peguemos o exemplo de uma alternativa contábil, chamada FIB. Trata-se simplesmente de um jogo de siglas, Felicidade Interna Bruta. Tem gente que prefere felicidade interna líquida, questão de gosto. O essencial é que inúmeras pessoas no mundo, e técnicos de primeira linha nacional e internacional, estão cansados de ver o comportamento econômico ser calculado sem levar em conta – ou muito parcialmente – os interesses da população e a sustentabilidade ambiental. Como se pode dizer que a economia vai bem, ainda que o povo vá mal? Então a economia serve para quê?

No Brasil a discussão entrou com força recentemente, em particular a partir do cálculo do IDH (Indicadores de Desenvolvimento Humano), que inclui, além do PIB, a avaliação da expectativa de vida (saúde) e do nível da educação. Mais recentemente, foram lançados dois livros básicos,‘Reconsiderar a riqueza’, de Patrick Viveret, e ‘Os novos indicadores de riqueza’, de Jean-Gadrey e Jany-Catrice. Há inúmeras outras iniciativas em curso, que envolvem desde o Indicadores de Qualidade do Desenvolvimento do IPEA, até os sistemas integrados de indicadores de qualidade de vida nas cidades, na linha do Nossa São Paulo. O movimento FIB é mais uma contribuição para a mudança em curso. O essencial para nós é o fato que estamos refazendo as nossas contas.

As limitações do PIB aparecem facilmente através de exemplos. Um paradoxo levantado por Viveret, por exemplo, é que, quando o navio petroleiro Exxon Valdez naufragou nas costas do Alaska, foi necessário contratar inúmeras empresas para limpar as costas, o que elevou fortemente o PIB da região. Como pode a destruição ambiental aumentar o PIB? Simplesmente porque o PIB calcula o volume de atividades econômicas, e não se são úteis ou nocivas. O PIB mede o fluxo dos meios, não o atingimento dos fins. Na metodologia atual, a poluição aparece como sendo ótima para a economia, e o IBAMA vai aparecer como o vilão que a impede de avançar. As pessoas que jogam pneus e fogões velhos no rio Tietê, obrigando o Estado a contratar empresas para o desassoreamento da calha, contribuem para a produtividade do país. Isto é conta?

Mais importante ainda é o fato de o PIB não levar em conta a redução dos estoques de bens naturais do planeta. Quando um país explora o seu petróleo, isto é apresentado como eficiência econômica, pois aumenta o PIB. A expressão "produtores de petróleo" é interessante, pois nunca ninguém conseguiu produzir petróleo: é um estoque de bens naturais, e a sua extração, se der lugar a atividades importantes para a humanidade, é positiva, mas sempre devemos levar em conta que estamos reduzindo o estoque de bens naturais que entregaremos aos nossos filhos. A partir de 2003, por exemplo, não na conta do PIB, mas na conta da poupança nacional, o Banco Mundial já não coloca a extração de petróleo como aumento da riqueza de um país, e sim como a sua descapitalização. Isto é elementar, e se uma empresa ou um governo apresentasse a sua contabilidade no fim de ano sem levar em conta a variação de estoques, veria as suas contas rejeitadas. Não levar em conta o consumo de bens não renováveis que estamos dilapidando deforma radicalmente a organização das nossas prioridades. Em termos técnicos, é uma contabilidade grosseiramente errada.

A diferença entre os meios e os fins na contabilidade aparece claramente nas opções de saúde. A Pastoral da Criança, por exemplo, desenvolve um amplo programa de saúde preventiva, atingindo milhões de crianças até 6 anos de idade através de uma rede de cerca de 450 mil voluntárias. São responsáveis, nas regiões onde trabalham, por 50% da redução da mortalidade infantil, e 80% da redução das hospitalizações. Com isto, menos crianças ficam doentes, o que significa que se consomem menos medicamentos, que se usam menos serviços hospitalares, e que as famílias vivem mais felizes. Mas o resultado do ponto de vista das contas econômicas é completamente diferente: ao cair o consumo de medicamentos, o uso de ambulâncias, de hospitais e de horas de médicos, reduz-se também o PIB. Mas o objetivo é aumentar o PIB ou melhorar a saúde (e o bem-estar) das famílias?

Todos sabemos que a saúde preventiva é muito mais produtiva, em termos de custo-benefício, do que a saúde curativo-hospitalar. Mas se nos colocarmos do ponto de vista de uma empresa com fins lucrativos, que vive de vender medicamentos ou de cobrar diárias nos hospitais, é natural que prevaleça a visão do aumento do PIB, e do aumento do lucro. É a diferença entre os serviços de saúde e a indústria da doença. Na visão privatista, a falta de doentes significa falta de clientes. Nenhuma empresa dos gigantes chamados internacionalmente de "big pharma" investe seriamente em vacinas, e muito menos em vacinas de doenças de pobres. Ver este ângulo do problema é importante, pois nos faz perceber que a discussão não é inocente, e os que clamam pelo progresso identificado com o aumento do PIB querem, na realidade, maior dispêndio de meios, e não melhores resultados. Pois o PIB não mede resultados, mede o fluxo dos meios.

É igualmente importante levar em consideração que o trabalho das 450 mil voluntárias da Pastoral da Criança não é contabilizado como contribuição para o PIB. Para o senso comum, isto parece uma atividade que não é propriamente econômica, como se fosse um band-aid social. Os gestores da Pastoral, no entanto, já aprenderam a corrigir a contabilidade oficial. Contabilizam a redução do gasto com medicamentos, que se traduz em dinheiro economizado na família, e que é liberado para outros gastos. Nesta contabilidade corrigida, o não-gasto aparece como aumento da renda familiar. As noites bem dormidas quando as crianças estão bem representam qualidade de vida, coisa muitíssimo positiva, e que é afinal o objetivo de todos os nossos esforços. O fato de a mãe ou o pai não perderem dias de trabalho pela doença dos filhos também ajuda a economia. O Canadá, centrado na saúde pública e preventiva, gasta 3 mil dólares por pessoa em saúde, e está em primeiro lugar no mundo neste plano. Os Estados Unidos, com saúde curativa e dominantemente privada, gastam 6,5 mil, e estão longe em termos de resultados. Mas ostentam orgulhosamente os 16% do PIB gastos em saúde, para mostrarem quanto esforço fazem. Estamos medindo meios, esquecendo os resultados. Neste plano, quanto mais ineficientes os meios, maior o PIB.

Uma outra forma de aumentar o PIB é reduzir o acesso a bens gratuitos. Na Riviera de São Lourenço, perto de Santos, as pessoas não têm mais livre acesso à praia, a não ser através de uma série de enfrentamentos constrangedores. O condomínio contribui muito para o PIB, pois as pessoas têm de gastar bastante para ter acesso ao que antes acessavam gratuitamente. Quando as praias são gratuitas, não aumentam o PIB. Hoje os painéis publicitários nos "oferecem" as maravilhosas praias e ondas da região, como se as tivessem produzido. A busca de se restringir a mobilidade, o espaço livre de passeio, o lazer gratuito oferecido pela natureza, gera o que hoje chamamos de "economia do pedágio", de empresas que aumentam o PIB ao restringir o acesso aos bens. Temos uma vida mais pobre, e um PIB maior.

Este ponto é particularmente grave no caso do acesso ao conhecimento. Trata-se de uma área onde há excelentes estudos recentes, como ‘A Era do Acesso’, de Jeremy Rifkin; ‘The Future of Ideas’, de Lawrence Lessig; ‘O imaterial’, de André Gorz; ou ainda ‘Wikinomics’, de Don Tapscott. Um grupo de pesquisadores da USP Leste, com Pablo Ortellado e outros professores, estudou o acesso dos estudantes aos livros acadêmicos: o volume de livros exigidos é proibitivo para o bolso dos estudantes (80% de famílias de até 5 salários mínimos, 30% dos títulos recomendados estão esgotados). Na era do conhecimento, as nossas universidades de linha de frente trabalham com xerox de capítulos isolados do conjunto da obra, autênticos ovnis científicos, quando o MIT, principal centro de pesquisas dos Estados Unidos, disponibiliza os cursos na íntegra gratuitamente online, no quadro do OpenCourseWare (OCW) (1). Hoje, os copyrights incidem sobre as obras até 90 anos após a morte do autor. E se fala naturalmente em "direitos do autor", quanto se trata na realidade de direitos das editoras, dos intermediários.

É impressionante investirmos por um lado imensos recursos públicos e privados na educação, e por outro lado empresas tentarem restringir o acesso aos textos. O objetivo é assegurar lucro das editoras, aumentando o PIB, ou termos melhores resultados na formação, facilitando e incentivando (em vez de cobrar) o aprendizado? Trata-se, aqui também, da economia do pedágio, de impedir a gratuidade que as novas tecnologias permitem (acesso online), a pretexto de proteger a remuneração dos produtores de conhecimento.

Outra deformação deste tipo de conta é a não contabilização do tempo das pessoas. No nosso ensaio ‘Democracia Econômica’ inserimos um capítulo "Economia do Tempo". Está disponível online, e gratuitamente. O essencial é que o tempo é por excelência o nosso recurso não renovável. Quando uma empresa nos obriga a esperarmos na fila, faz um cálculo: a fila é custo do cliente, não se pode abusar demais. Mas o funcionário é custo da empresa e, portanto, vale a pena abusar um pouco. Isto se chama externalização de custos. Imaginemos que o valor do tempo livre da população economicamente ativa seja fixado em 5 reais. Ainda que a produção de automóveis represente um aumento do PIB, as horas perdidas no trânsito pelo encalacramento do tráfego poderiam ser contabilizadas, para os 5 milhões de pessoas que se deslocam diariamente para o trabalho em São Paulo, em 25 milhões de reais, isto calculando modestos 60 minutos por dia. A partir desta conta, passamos a olhar de outra forma a viabilidade econômica da construção de metrô e de outras infra-estruturas de transporte coletivo. E são perdas que permitem equilibrar as opções pelo transporte individual: produzir carros realmente aumenta o PIB, mas é uma opção que só é válida enquanto apenas minorias têm acesso ao automóvel. Hoje São Paulo anda em primeira e segunda, gastando com o carro, com a gasolina, com o seguro, com as doenças respiratórias, com o tempo perdido. Os quatro primeiros itens aumentam o PIB. O último, o tempo perdido, não é contabilizado. Aumenta o PIB, reduz-se a mobilidade. Mas o carro, afinal, era para quê?

Alternativas? Sem dúvida, e estão surgindo rapidamente. Não haverá o simples abandono do PIB, e sim a compreensão de que mede apenas um aspecto, muito limitado, que é o fluxo de uso de meios produtivos. Mede, de certa forma, a velocidade da máquina. Não mede para onde vamos, só nos diz que estamos indo depressa, ou devagar. Não responde aos problemas essenciais que queremos acompanhar: estamos produzindo o quê, com que custos, com que prejuízos (ou vantagens) ambientais, e para quem? Aumentarmos a velocidade sem saber para onde vamos não faz sentido. Contas incompletas são contas erradas.

Como trabalhar as alternativas? Há os livros mencionados acima, o meu preferido é o de Jean Gadrey, foi editado pelo Senac. E pode ser utilizado um estudo meu sobre o tema, intitulado‘Informação para a Cidadania e o Desenvolvimento Sustentável’. Porque não haverá cidadania sem uma informação adequada. O PIB, tão indecentemente exibido na mídia, e nas doutas previsões dos consultores, merece ser colocado no seu papel de ator coadjuvante. O objetivo é vivermos melhor. A economia é apenas um meio. É o nosso avanço para uma vida melhor que deve ser medido.

*

(1) O material do MIT pode ser acessado no site http://www.ocw.mit.edu/ ; Em vez de tentar impedir a aplicação de novas tecnologias, como aliás é o caso das empresas de celular que lutam contra o wi-fi urbano e a comunicação quase gratuita via skype, as empresas devem pensar em se reconverter, e prestar serviços úteis ao mercado. A IBM ganhava dinheiro vendendo computadores e quando este mercado se democratizou com o barateamento dos computadores pessoais migrou para a venda de softwares. Estes hoje devem se tornar gratuitos (a própria IBM optou pelo Linux), e a empresa passou a se viabilizar prestando serviços de apoio informático. Travar o acesso aumenta o PIB, mas empobrece a sociedade.

Ladislau Dowbor é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da PUC de São Paulo e consultor de diversas agências das Nações Unidas. É autor de "Democracia Econômica", "A Reprodução Social: propostas para uma gestão descentralizada", "O Mosaico Partido: a economia além das equações", "Tecnologias do Conhecimento: os Desafios da Educação", todos pela editora Vozes, além de "O que Acontece com o Trabalho?" (Ed. Senac) e co-organizador da coletânea "Economia Social no Brasil" (ed. Senac). Seus numerosos trabalhos sobre planejamento econômico e social, inclusive o artigo Informação para a Cidadania mencionado acima, estão disponíveis no site http://dowbor.org/

http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3266/9/

A Guerra Civil do Sri Lanka

O povo tâmil não disse sua última palavra

ESCRITO POR TXENTE REKONDO

22-MAI-2009

A decisão dos dirigentes dos Tigres da Libertação da Terra Tâmil (LTTE) de guardar as armas para evitar que a ofensiva militar de Colombo siga fazendo mais vítimas civis deve ser enquadrada nas declarações dos mesmos, quando apontaram que "diante destes momentos sem precedentes históricos se fazem necessárias decisões históricas e prudentes. Se se trata de salvar vidas de milhares de pessoas, e se é necessário dar este passo, daremos".

O atual cenário é produto de toda uma série de fatores. De alguns anos para cá, a conjuntura internacional se situou claramente contra as demandas tâmeis e, sobretudo, contra seu representante, o LTTE. Se o acordo de negociação e cessar-fogo de fevereiro de 2002 se produziu em certa medida sob amparo do acontecido em 11 de setembro do ano anterior, a partir desta data o movimento dos atores internacionais impossibilitou o LTTE de manter o pulso com Colombo.

O triunfo do Partido do Congresso indiano em 2004 (que mantém uma larga história de enfrentamento com o LTTE, ao qual acusa responsabilidade pelo assassinato do primeiro ministro de então, Rajiv Gandhi), a política de Bush em sua cruzada pessoal na chamada "guerra contra o terror" (que aproveitarão os dirigentes cingaleses para lançar uma feroz campanha diplomática pelo mundo todo para cortar laços do LTTE com a diáspora tâmil) e a inclusão da organização na ‘lista negra’ do terrorismo formaram um conjunto de fatores que dificultará todo tipo de movimento e mostra de solidariedade ao povo tâmil.

Além do mais, os dirigentes do Sri Lanka provocaram uma importante ruptura dentro do LTTE em 2004, quando conseguiram que o máximo responsável dos tigres na zona oriental, o comandante Karuna, passasse a colaborar com o governo de Colombo, o que o levou a atacar seus antigos companheiros de luta.

Também não ajudou o povo tâmil em sua luta pela autodeterminação o desastre humano desencadeado pelo tsunami em 2004. O custo de muitas vidas esteve acompanhado pelos obstáculos do governo cingalês para que pudesse receber ajuda internacional, necessária para atenuar em certa medida o sofrimento daqueles dias.

Não obstante, também cabe falar de certos erros de análise do LTTE nessa conjuntura. Se a perda de um de seus quadros mais importantes, Anton Balasingham, que faleceu de câncer, supôs uma séria dificuldade para os tigres na hora de "sincronizar seus movimentos com os que se produziam na cena local e internacional", outros fatores tampouco ajudaram o LTTE.

Suas esperanças recentes nas possíveis mudanças da política de Washington ou Déli vieram abaixo. A administração de Obama seguiu apoiando o regime cingalês, apesar dos recentes clamores por um cessar-fogo, e os resultados das eleições indianas supõem mais agruras, já que o triunfo do Partido do Congresso Indiano, unido aos maus resultados dos partidos tâmeis, acelerará a política de apoio entre Índia e Sri Lanka, sobretudo após a aparição da China neste cenário, dando também cobertura e apoio ao genocídio contra os tâmeis.

E os dirigentes do LTTE também mediram mal a capacidade operativa e econômica do Sri Lanka. Colombo soube utilizar a ajuda material e diplomática da mal chamada comunidade internacional, a tempo de conseguir atrair a opinião pública de seu país para apoiá-lo decididamente em sua campanha militar.

De toda forma, a aposta militarista dos dirigentes cingaleses estava acima de qualquer dúvida. Nos últimos três anos, Colombo rechaçou todos os chamados do LTTE a um cessar-fogo e conversações de paz. Nesse sentido são reveladoras as declarações do presidente cingalês, Mahinda Rajapakse, quando afirmava que "o governo não está disposto a nenhum tipo de cessar-fogo com os terroristas. É minha obrigação proteger a população deste país, e não preciso de lições dos representantes ocidentais".

Assim, deixa claro suas intenções. Continuar com a estratégia dos setores cingaleses mais chauvinistas (essa aliança de monges budistas, militares e políticos do outrora comunista JVP) e se aproveitar da cumplicidade internacional, apresentando o conflito como assunto interno e de "terrorismo" e "protegendo a população tâmil" de uma maneira cínica e cruel.

Os dados mais recentes falam de centenas de tâmeis detidos, muitos deles menores de idade, dezena de desaparecidos e milhares de refugiados amontoados em campos de concentração, como vêm definindo as diferentes organizações humanitárias que tentam trabalhar na região, apesar dos obstáculos de Colombo, que bloqueou ajuda humanitária à população tâmil e expulsou os jornalistas e observadores estrangeiros.

Só neste ano, a política cingalesa, passível de aceitar a "necessidade de vítimas colaterais", custou a vida de mais de 10 mil tâmeis, "uma cruel e sanguinária média de trinta mortes por dia".

A suposta "eliminação do LTTE como força convencional" não é a solução do conflito. Os tigres tâmeis são o produto de "décadas de discriminação, humilhação e opressão" de seu povo por parte do chauvinismo cingalês, e que soube expressar sua raiva através do LTTE, enquanto deposita toda sua confiança no mesmo para "exercitar seu direito de autodeterminação e igualdade".

Essa fase da guerra desatada pelo Sri Lanka pôde por fim à "capacidade convencional do LTTE", como afirmava recentemente um prestigioso meio internacional. Mesmo assim, advertia que "os tigres podem se reagrupar e voltar a se expandir no futuro", retomando as armas com maior determinação e fazer a suposta vitória governamental virar pó. O atual triunfalismo cingalês pode sofrer um grande revés no futuro, sobretudo se a política genocida de Colombo seguir adiante.

Como bem apontava o editorial de um importante jornal estadunidense, poderíamos estar diante da "agonia do Sri Lanka". Após a derrota militar do LTTE, nas próximas semanas veremos que a raiva e alienação da população tâmil estão maiores do que nunca. A solução do conflito só poderá ser abordada definitivamente a partir do âmbito político, nunca militar. A experiência do passado fez com que a população tâmil não tenha nenhuma esperança em algum tipo de autonomia dentro do Sri Lanka, e somente deseja a formação de um Estado separado, "que não esqueçamos que é o principal objetivo defendido pelos tâmeis em todos estes anos".

Como a ave fênix, o espectro do LTTE pode ressurgir de suas cinzas no futuro e se fazer presente na terra, mar e ar do Sri Lanka. Conforme afirmaram os representantes tâmeis, a resistência terá de se transformar para uma nova forma de enfrentamento, porque "enquanto os tâmeis seguem sendo oprimidos, Sri Lanka também não poderá alcançar a estabilidade e a militância tâmil seguirá ocupando papel central no futuro do Estado cingalês".

Txente Rekondo é do Gabinete Basco de Análise Internacional (GAIN).

http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3317/9/

Este é um problema da esquerda brasileira. O autor do artigo padece do mesmo problema.

Dinâmica de aprendizado das massas

ESCRITO POR WLADIMIR POMAR

27-MAI-2009

Consideramos massas os conjuntos de trabalhadores e elementos populares que convivem numa determinada coletividade. Em outras palavras, não consideramos as massas populares ou trabalhadoras um conjunto uniforme, mesmo que pertencentes à mesma classe ou segmento social.

Portanto, sua dinâmica de aprendizado é dispersa e diferenciada, em virtude de suas próprias condições de trabalho e de vida. Além disso, disperso e diferenciado é também seu conhecimento sobre a realidade econômica, social, cultural e política, na qual essas massas estão inseridas. Afora o fato de possuírem baixa instrução escolar, elas são ainda bombardeadas intensamente por informações que, em geral, procuram mistificar e embaralhar a realidade.

Nessas condições, a escola de aprendizado das massas, onde quer que estejam, num chão de fábrica, numa vila rural, ou em qualquer outro tipo de coletividade, só pode ser a prática da luta, seja pela sobrevivência, seja pela conquista de direitos. É na luta que elas descobrem seus próprios problemas, ou os aspectos negativos de sua existência. É na luta que elas começam negando aqueles aspectos negativos, como passo necessário para aprender a apresentar propostas positivas.

É na luta de negação dos aspectos negativos de sua vida, seja a pouca comida do dia-a-dia, o pouco teto para se proteger, a pouca ou nenhuma terra para plantar, o baixo salário para fazer frente aos custos da vida etc. etc., que as massas apreendem a realidade. Mesmo que essa apreensão ainda seja parcial, e um início de busca de soluções, essa é sua dinâmica "normal" de aprendizado.

Por outro lado, a realidade está em constante mutação. Ela é histórica e nada tem de linear. Às vezes, produz fatos e aspectos negativos que fogem daquela "normalidade", rompem com a dinâmica "normal" e obrigam as massas a negações mais radicais. Crises econômicas e sociais, guerras, conflitos políticos etc. são aspectos de grande tensão na realidade. Mudam a vida das massas de forma ainda mais brutal, obrigando-as a buscar soluções impensáveis em tempos "normais".

Os voluntaristas, em geral, desprezam a dinâmica "normal". Acham que podem chegar, qualquer que seja o momento, e propor soluções próprias para momentos de grande tensão, acreditando que as massas os seguirão, dependendo apenas de capacidade de convencimento. Recusam-se a partir do nível real de aprendizado delas, e da realidade "normal", participando do processo real, às vezes lento, de luta e descoberta de problemas e soluções.

Com isso, frustram-se ao tentar impor uma dinâmica que nada tem a ver com a realidade, e para a qual as massas ainda não amadureceram. Culpam aos que procuram adaptar-se à dinâmica "normal", pela suposta inação das massas. E isolam-se, não raro descambando para o oposto do que propunham antes. Assim, quando os momentos de grande tensão se apresentam, não possuem elos de contato com as massas, que lhes permitam influenciar os acontecimentos.

Já os espontaneístas se subordinam totalmente à dinâmica "normal". Não vislumbram a possibilidade de saltos, nas descobertas das massas, quanto aos aspectos negativos da realidade, nem na criação de negações que correspondam a essas novas descobertas. Não se preparam para as grandes tensões e, quando estas se apresentam, são atropelados pelos acontecimentos.

Wladimir Pomar é escritor e analista político.

http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3327/46/

domingo, 24 de maio de 2009

Antigos espíritos do mal transformem esta forma decadente em…

Dick Cheney: Washington trembles at the return of 'Darth Vader'

Dick Cheney was a formidable backroom operator during his eight years as vice-president in the Bush administration. Having abandoned his short-lived retirement in Wyoming, he is now leading the Republican charge against Obama from the front. Ewen MacAskill reports from Washington on the political resurrection of the last true believer of the neo-con years

Barack Obama, unlike George Bush who wanted to be in bed before 10pm, likes to work late. But even by his standards Wednesday was out of the ordinary, sitting up in a largely empty White House until 2.30am as he edited a speech an adviser later described as one of the most important of his life.

He was still nervous about it when he rose to deliver it eight hours later. Normally Mr Cool, he fluffed his opening, referring to the defence secretary, Robert Gates, as Bill, the Microsoft founder.

Part of the explanation for the bout of jitters is that Obama is struggling to contain an ever-growing row over the future of Guantánamo Bay and the security apparatus created by the Bush administration as part of its "war on terror". But there is another factor: the return of an opponent the Democrats had thought of as politically dead: Dick Cheney. The sinister, reclusive figure at the heart of the Bush administration, who attracted labels such as Darth Vader and Dr Strangelove, has returned to the heart of Washington and is causing havoc.

Obama and Cheney were billed to speak at roughly the same time, though at different Washington venues. The US media described it as the political equivalent of Ali v Frazier.

It was all a long way from 20 January when Cheney had left the White House a seeming broken man ready for retirement. The Republicans were in disarray, still coming to terms with the election losses in November. The policies with which Cheney had been associated, chiefly the invasion of Iraq, had long been discredited. And Cheney himself, as Obama prepared to take over the White House, was in a wheelchair, having put his back out lifting a box in preparation for the removal van.

The next day, back home in Wyoming, the state senate passed a resolution wishing him and his wife a happy retirement in which they could "lay their heavy burdens down and fish and write to their hearts' content". That resolution, along with the hopes of all those Democrats who thought that they had seen the last of him, proved premature.

He has forced Obama on the defensive for the first time since becoming president, giving demoralised Republicans something finally to cheer about.

"Cheney is seriously the only person who's got the White House to change its policy," Dan Senor, a foreign policy adviser in the Bush administration, told the Washington Post

Cheney has rattled Obama over the proposed closure of Guantánamo and the CIA's use of waterboarding. And not only Obama, but the next most prominent Democrat after him, the House speaker, Nancy Pelosi, who on Friday refused to answer any more questions about whether she had been briefed by the CIA about torture six years ago. She denies she was: the CIA says it did.

Obama had been planning to release thousands of pictures showing abuse at US detention centres round the world by the end of the month, but has since decided against. On the campaign trail, he denounced the Bush administration's use of military commissions to try Guantánamo detainees, but has now decided to keep them. He denounced the indefinite detention of people without trial, but is now going to do the same.

Republicans have been applauding. "I would have originally said that Cheney on torture would have been a net negative for the modern Republican party, which is working to put Bush and Cheney behind us," said Grover Norquist, an influential figure in shaping US conservatism over the past two decades. "It has worked out well for the Republicans. Cheney is looking good."

The conservative Weekly Standard is also cheering. Another influential conservative, William Kristol, writing in the current issue, said: "While most senior Bush alumni were in hiding, Dick Cheney - Darth Vader himself, Mr Unpopularity, the last guy you'd supposedly want out there making the case - stepped on to the field. He's made himself the Most Valuable Republican of the first four months of the Obama administration."

Cheney's return has enthralled the liberal media. Maureen Dowd, the acerbic New York Times writer, used her column on Wednesday for a mocking piece under the headline "Cheney grabs a third term", suggesting that he was manipulating Obama from the sidelines. In a dig at Cheney's newfound public face, popping up in television interview after television interview, she described him as "tawny with TV make-up; there's no point taking it off. The gigs are nonstop."

Obama had been scheduled to deliver his speech at 10.10am on Thursday at the National Archives, against the backdrop of original copies of the Declaration of Independence and the US constitution. Cheney was speaking at 10.30 at the American Enterprise Institute (AEI), the Washington thinktank that is home to neoconservatives. Such was the interest generated that Cheney delayed his speech until Obama, who started late, had finished. Both speeches, each of about 40 minutes, were shown live.

Cheney's speech had been in the diary before Obama's and AEI officials suggested that the White House had arranged Obama's for the same day. Robert Gibbs, the White House press spokesman, denied this, but acknowledged they had been aware that Cheney's speech was in the diary. Gibbs said on Friday: "I think the president - in terms of yesterday's speeches side by side - I think the president is not going to shy away from the debate on these issues."

Obama and Cheney provided the debate the US should have had after 9/11. Obama argued that US national security is best protected by respect for international law, by closing Guantánamo and being as transparent as possible. Cheney countered it was not as easy as that to close Guantánamo and that transparency - releasing internal Bush administration memos about interrogation techniques - had demoralised the CIA. By calling waterboarding torture, Cheney said Obama has criminalised honourable people working in good faith and has made America less safe.

Michael Barone, a conservative and author of The Almanac of American Politics, who was in the audience for Cheney's speech, said he was impressed by the vice-president: "There was a refreshing lack of ambiguity. He made his case. He sees Obama as a danger to the American people."

The irony of Cheney's publicity burst is that, throughout his eight years in office, he was a reclusive vice-president, seldom out and about in Washington, even refusing to release details to the press of his daily schedule. Even as defence secretary in the 1990-91 Gulf war, unlike his protégé Donald Rumsfeld during the 2003 invasion, he was rarely in front of the cameras.

Why has he come out now? His friends say that he had been settling happily into retirement. Although Wyoming is his home state, he lives in McLean, Virginia, in part to be close to his grandchildren. From an office in McLean, he has been working on his memoirs, much of which are devoted to his part in the US response to 9/11 and the subsequent opening of Guantánamo and the invasion of Iraq. Obama joked earlier this month the memoirs should be called How to Shoot Friends and Interrogate People

Mary Matalin, Cheney's spokeswoman in the early years of his vice-presidency, told the Washington Post last week that he would have remained in retirement, but was incensed by Obama's criticism of Bush and him for setting up Guantánamo.

"If Barack Obama had come in and done what he said he was going to do and look at the stuff and see what is working, then Cheney would have continued to do what he was doing - working on memoirs, finishing his house," she said. "He's got a good life. He's got stuff going on. He doesn't care about being on TV. There's no more politics there. He's not settling any scores. He just wants people to understand."

Aged 68, Cheney has been in politics most of his adult life, serving six terms in Congress. He left politics for a five-year tenure as chairman of Halliburton - the oilfield service company that was to be one of the principal beneficiaries of the Iraq war - before returning as vice-president under Bush in 2001.

He went on to become the most powerful V-P in US history, partly because of Bush's lack of foreign policy experience. The attacks on New York and Washington in their first year in office saw Bush, pushed by Cheney, embrace an aggressive, ideologically driven approach to the world.

Cheney, supported by Rumsfeld, the defence secretary, and by neoconservatives including the deputy defence secretary, Paul Wolfowitz, were behind Afghanistan, Guantánamo, the secret CIA camps round the world and the invasion of Iraq.

In his speech on Thursday, Cheney offered the best insight yet as to why he reacted as he did to 9/11. "I was in my office in that first hour when radar caught sight of an airliner heading towards the White House at 500mph. That was Flight 77, the one that ended up hitting the Pentagon. With the plane still inbound, Secret Service agents came into my office and said we had to leave now. A few moments later, I found myself in a fortified White House command post somewhere down below.

"I've heard occasional speculation that I'm a different man after 9/11. I wouldn't say that. But I'll freely admit that watching a co-ordinated, devastating attack on our country from an underground bunker at the White House can affect how you view your responsibilities." The two had 2,689 days left in office but "on our watch, they never hit this country again".

In the second term, with Iraq going badly, Bush was less in thrall to Cheney. Ignoring protests from Cheney, Bush sacked Rumsfeld and replaced him with Gates, who, together with General David Petraeus, came up with a feasible Iraq exit strategy.

Bush and Cheney fell out badly at the very end. Cheney was incensed that Bush would not use his prerogative in his final days to pardon the vice-president's former chief of staff, Lewis "Scooter" Libby, who was convicted for lying over the outing of a CIA agent. Cheney viewed Libby as a loyal servant - one who may have been covering up for someone higher up - and said a few days after losing office that Libby had been "hung out to dry".

Stephen Hayes, author of a 2007 biography of Cheney, said many people wondered why he had not made the public case for Guantánamo and Iraq while in office. Hayes, who discussed this with him during 30 hours of interviews for the book, thinks he has the answer. "I asked him: 'Why are you not out there making this case? You are making it better than George Bush.' He said: 'That is simply not my role. He [Bush] asks me for advice. If I was out there, it would not be the same."

But free from office, Cheney no longer has any such constraints, especially as Bush appears to have opted for silence, deciding that it would be undignified to criticise his successor.

Thomas Mann, a political scientist at the Brookings Institution, said: "I think Dick Cheney believes Bush will not be a forceful defender of what they did and is damned if he is not going to lead the charge. At a some time an event or another figure will overtake him, but at present there is a vacuum in the Republican party."

The party is in disarray, with no serious contender in sight to provide them with the leadership necessary for Congressional elections next year and to take on Obama in 2012. Is it possible that Cheney, in spite of poor health and poor popularity ratings, might be planning a shot at the presidency? Those who know him rule it out, citing his heart attacks and other health problems.

One of those watching Cheney on Thursday said, in response to the suggestion that he could be a contender: "Are you crazy? Have you seen him trying to work a crowd."

Cheney reinforced the point as he delivered his speech, speaking in a monotone, unsmiling, hunched over, reading his script without the benefit of an autocue. Two thirds of the way through, a room packed with sympathisers began to look for distractions, mainly their mobiles and Blackberries, with one openly reading the Wall Street Journal

The Democrats, including Obama's senior adviser, David Axelrod, argue that having Cheney in such a high-profile role is helpful for them, because he is reminding voters of one of the most disliked administrations in US history. Cheney has high unpopularity ratings, hovering around 60%. The Democrats regard his present prominence as a short-term phenomenon.

Obama's problems, though, are set to last much longer. He is struggling to find a way out of what he describes as the "legal mess" he inherited from Bush and Cheney. The left expressed disappointment that he first agreed to release thousands of pictures of abuse at US detention centres round the world and then refused. Cheney's supporters credit him with the about-turn. The left is unhappy, too, that Obama is to stick with tainted Bush-Cheney policies: the use of military commissions to try some Guantánamo detainees and keeping others in prison indefinitely without trial.

Democrats in Congress, too, are at odds with Obama. They are blocking the transfer of detainees to their states and on Wednesday the Senate voted to refuse Obama the $80m he needs to close the detention centre until he comes up with a detailed plan.

Hayes believes that Cheney, while not enjoying the limelight, is not about to depart the scene any time soon. As long as he is working on his memoirs, the events surrounding Guantánamo will be fresh on his mind and he will be willing to answer questions about them.

Norquist, though cheered by his unexpected return, is among those Republicans hoping he will not hang around too long. A conservative who advocates lower taxation but parts company with Cheney over torture, he said: "Cheney has put Obama on the defensive. He should declare victory and retire from the field."

http://www.guardian.co.uk/world/2009/may/24/dick-cheney-washington-return

Em 1971, a onça de ouro custava 35 dólares

Demandan oro, ante la debilidad del dólar

Ricardo Jiménez
El Universal
Viernes 22 de mayo de 2009

ricardo.jimenez@eluniversal.com.mx

El mercado de metales presentó movimientos alcistas en las operaciones de este jueves, derivados de la decisión de los inversionistas de realizar futuros de oro como una forma de cobertura tras la depreciación del dólar estadounidense con las principales monedas del mundo, pero sobre todo con el euro, ante el cual en los últimos cinco días ha perdido 3.13%.

En ese contexto, los futuros del oro alcanzaron un precio de 953.40 dólares por onza, comparado con las últimas operaciones de la sesión anterior (937.10 dólares), implicó un incremento de 16.30 dólares, esto es, una ganancia de 1.74%; sin embargo, en lo que lleva del mes reporta un incremento de 7.63%.

Por su parte, los otros metales preciosos, como la plata y el platino, siguieron el mismo comportamiento, ya que el primero llegó a un valor de 14.51 dólares por onza, lo que implicó un alza de 2.1%, mientras el segundo avanzó a un precio de mil 143.0 dólares por onza, lo que representó un incremento de 0.30%.

Los analistas destacaron que en los siguientes días los metales preciosos registrarían una baja por la toma de utilidades de los incrementos sucesivos de los últimos días. Agregaron que el mercado de metales seguirá su tendencia alcista en las siguientes semanas, debido a la percepción de que por el momento el dólar no se recuperará.

http://www.eluniversal.com.mx/finanzas/71083.html

Num mundo sem sentido, a insanidade grassa

Argentinos apedrean a chilenos por gripe

José Vales Corresponsal
El Universal
Sábado 23 de mayo de 2009

Gobierno de Bachelet repudia agresión en pasaje fronterizo

BUENOS AIRES.— Un hecho sin precedentes desde que se desató la pandemia de influenza A tuvo lugar en la provincia argentina de Mendoza, cuando un grupo de iracundos vecinos atacó un autobús que acaba de cruzar la frontera desde Chile, con un pasajero que sufría un cuadro febril y se creía que podía tratarse de un caso de la denominada gripe A.

El pasajero enfermo había sido detectado en el paso fronterizo de Los Horcones, por lo que el autobús de la empresa El Rápido Argentino, recibió la orden de las autoridades a trasladar a todo el pasaje hasta el hospital José Néstor Lencinas, del departamento de Godoy Cruz de esa provincia argentina.

Allí un grupo de vecinos atacó al camión y a todos sus pasajeros con piedras e insultos, en una batahola que tuvo que ser dispersada por efectivos policiales con balas de goma y gases lacrimógenos, que dejó siete personas heridas.

Después de comprobar que el paciente no padecía la influenza A y que sólo se trataba de un gripe común, todos los pasajeros fueron dados de alta y se retiraron en medio de un fuerte dispositivo policial.

El diputado argentino Daniel Cassía demandó al gobierno de su país el cierre de la frontera común ante el “explosivo” aumento de la influenza humana en Chile, donde hasta este viernes se habían confirmado 29 casos.

Tras el ataque al autobús, el gobierno de Chile repudió ayer las expresiones discriminatorias en Argentina.

“Hay gente que frente a este tipo de hechos hace llamados y conclusiones fuera de lugar”, declaró este viernes a periodistas en Santiago el subsecretario chileno del Interior, Patricio Rosende, en alusión al diputado argentino Cassía.

Entre tanto, una mujer que llegó de Estados Unidos hace pocos días se convirtió en el segundo caso confirmado de la nueva gripe A (H1N1) en Argentina, informó anoche la ministra de Salud, Graciela Ocaña. (Con información de agencias)

http://www.eluniversal.com.mx/internacional/61772.html

Mais uma da Odebrecht!

Asunción, Paraguay, Domingo 24 de Mayo de 2009

Odebrecht justifica desde Brasilia “deuda secreta”

La constructora brasileña que exige al Estado paraguayo el pago de 39,8 millones de dólares -supuesto saldo por la construcción de Acepar- dijo a ABC Color, a través de su director de contratos, Carlos Henrique Roesberg, que esperará “un tiempo prudencial” antes de recurrir a otras instancias.

Lejos de agotarse en la simple negativa del Gobierno en responder a las exigencias de la empresa Norberto Odebrecht SA la “deuda secreta” de Acepar, que en 20 años supuestamente creció de US$ 1,1 millones a 39,8 millones, podría terminar en una nueva denuncia a nivel internacional contra Paraguay, según se deduce de una entrevista con un alto ejecutivo de esa firma.
“En caso de una respuesta negativa o ninguna respuesta dentro de un plazo prudencial, estudiaremos el camino a seguir”, expresó desde Brasilia Carlos Henrique Roesberg, director de contratos de Odebrecht.
Odebrecht hizo su penúltima presentación ante el Gobierno paraguayo en enero pasado (ver facsímil), en notas dirigidas al presidente Fernando Lugo y al procurador José E. García, sin recibir respuestas.
Luego, el 10 de marzo pasado, a raíz de publicaciones de nuestro diario sobre la dudosa veracidad de la deuda y principalmente del despiadado interés aplicado (18%), Odebrecht volvió a escribir a Lugo para hacer aclaraciones al respecto.
En las dos cartas expusieron al Poder Ejecutivo su oferta de una quita del 70%, equivalente a casi 28 millones de dólares, admitiendo que la tasa de interés ha sido muy alta.
El Estado ha alegado en informes dados a ABC que la deuda ya prescribió y que, por lo tanto, ya no hay nada que hablar sobre el asunto.
¿Es el interés pactado?
Roesberg afirmó que no puede haber dudas con respecto al interés del 18%, por más que ellos reconocen que es un porcentaje alto para la realidad financiera de hoy.
Al respecto, trató de contrarrestar el testimonio dado por el Lic. Alberto Brisco, ex director administrativo de Acepar en los tiempos de su construcción, quien había afirmado que la tasa del 18% había sido acordada para otra operación de préstamo que data de 1984, y de ninguna manera para las facturas reclamadas por Odebrecht/Tenenge, que son de 1987.
Además, Brisco relató que la suma que reivindica Odebrecht correspondería a los gastos de desmovilización de la empresa, para llevar de nuevo a Brasil sus maquinarias y otros elementos, por lo que en su momento Acepar se negó a pagar.
Ese argumento fue rechazado por Roesberg, quien manifestó que la planta de Acepar fue terminada e inaugurada en mayo de 1986 y allí Tenenge, luego absorbida por Odebrecht, ya desmovilizó todo su equipo, pero quedó un grupo técnico a pedido de la siderúrgica “para dar soporte técnico a las actividades de mantenimiento y operación de la fábrica y entrenamiento al personal”.
Hasta diciembre del ’87
Agregó que ese equipo de profesionales trabajó hasta diciembre de 1987 en Villa Hayes y que quizá por los 20 años transcurridos, Brisco se confundió con las cuatro facturas de desmovilización, que realmente tampoco se pagaron, según Roesberg.
También admite que por el equipo técnico cobraron hasta abril de 1987, y a partir de allí comenzó la deuda.
Roesberg, quien respondió nuestras preguntas desde Brasilia, es el mismo que dirigió el equipo de ingenieros y técnicos que se encargaron del montaje de Acepar, trabajo por el que su empresa recibió por lo menos 280 millones de dólares entre 1983 y 1987.

Jorge Benítez C.